Com o adiamento da obrigatoriedade do uso do Novo Acordo Ortográfico, muitos concurseiros se viram perdidos na sua rotina de estudo. Já que a decisão do governo acrescentou mais três anos ao prazo, será que valeria a pena estudar as novas regras ortográficas neste momento? Não seria melhor reforçar os estudos na Ortografia Oficial enquanto ela ainda é válida e depois de ser aprovado em um concurso, com mais tempo estudar as novas normas?
Antes de tudo precisamos considerar alguns pontos: A Ortografia Oficial é aquela que está em vigência no país. Neste momento não existe somente um Ortografia Oficial, existem duas, e assim vai ser até o dia 31 de dezembro de 2015, quando o uso das normas definidas no Novo Acordo Ortográfico se tornarem de uso obrigatório no Brasil. Sabendo disso, a maioria das bancas examinadoras têm sido muito sensata e ainda não exigem uma ortografia específica em seus editais, deixando a escolha de que modelo usar para o próprio candidato.
O melhor conselho que pode ser dado é que o candidato passe a estudar imediatamente a ortografia do Novo Acordo, não somente pelo fato de que ela vai se tornar obrigatória um dia, mas por ela ser a ortografia padrão dos órgãos públicos desde que foi aprovada em 2008. Se o candidato já está estudando a língua, o mais lógico seria estudar a versão mais atualizada dela, além do mais, é muito mais fácil aprender e utilizar apenas uma regra do que virar refém das duas formas de grafia. Podemos levar em conta também o fato de que as bancas aceitam que o candidato escolha a ortografia que vai usar caso haja etapa de redação, mas ele deve se manter usando a mesma ortografia durante toda a prova discursiva.
O que poucos sabem, é que não houve uma Reforma Ortográfica em nenhum aspecto, já que a palavra reforma implicaria em uma mudança de grande porte da grafia da Língua Portuguesa, o que não aconteceu de maneira alguma. Na verdade apenas 0,5% das palavras da nossa língua tiveram a grafia alterada.
Estas novas regras - que não são tão novas quanto costumamos pensar - são resultado de um acordo entre os maiores países lusófonos, como Portugal, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, são Tomé e Príncipe e Timor-Leste, com o propósito de fortalecer o idioma frente às outras línguas e facilitar o intercambio entre os países que fazem parte do acordo. Destes países, apenas Moçambique e Angola ainda não ratificaram o documento do acordo. Resumindo: o objetivo do acordo é simplificar, não complicar.
Esta não é a primeira mudança oficial que acontece na nossa língua, e com certeza não será a última, já que a língua é algo extremamente mutável, que se adapta às pessoas e aos lugares, enquanto a grafia precisa ser normatizada e repensada de tempos em tempos para que consiga acompanhar estas mudanças.
Desde o inicio do século XX existe um esforço no sentido de uma normatização padrão do Português usado nos países lusófonos, principalmente Brasil e Portugal, que já ensaiaram acordos em 1931, em 1945 e durante os anos 70. Este acordo que veremos entrar em vigor em 2016 é resultado de um consenso alcançado pelos países que falam a língua, em 1990. Ou seja, o acordo não é tão jovem quanto parece.
As dificuldades encontradas para a adaptação às novas normas - motivo do adiamento da obrigatoriedade do Novo Acordo - não são sentidas somente aqui no Brasil. Na verdade nosso país é o mais avançado no sentido de tornar estas novas normas em normas padrão. Nossos livros didáticos já estão de acordo com a nova ortografia desde 2009 e os nossos órgãos públicos já utilizam as novas normas desde que o acordo foi assinado em 2008.
As normas só serão obrigatórias a partir de 2016, e de acordo com o documento assinado pela presidenta da República, as duas formas de grafia coexistirão até o fim deste prazo. Desta forma as bancas examinadoras devem obedecer ao que é padrão no país e continuar aceitando ambas as formas ortográficas em suas provas aplicadas.
Não custa lembrar que o candidato que estiver atualizado tem mais chances de se dar bem, mas o candidato que conhece as duas formas de grafia não corre o risco, por enquanto, de dar de cara com uma pergunta sobre o Novo Acordo em sua prova.
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