Um novo estudo publicado na renomada revista científica Nature trouxe evidências sobre os impactos positivos do programa Bolsa Família, destacando sua contribuição na redução de incidência e mortalidade relacionadas à AIDS, especialmente em populações extremamente vulneráveis.

Pesquisadores brasileiros liderados pelo Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com a Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), conduziram uma análise abrangente ao longo de nove anos (2007-2015), envolvendo quase 23 milhões de brasileiros com 13 anos ou mais.

Os resultados evidenciaram uma disparidade nos índices de incidência e mortalidade relacionados à AIDS entre os indivíduos que eram beneficiários do Bolsa Família e aqueles que não usufruíram desse auxílio.

A taxa de incidência para não beneficiários foi aproximadamente de 30 casos por 100 mil pessoas, enquanto os beneficiários do Bolsa Família apresentaram uma taxa ligeiramente inferior, com cerca de 25 casos por 100 mil.

No que se refere à mortalidade, os não beneficiários registraram aproximadamente 10 óbitos por 100 mil pessoas associados à AIDS, contrastando com cerca de nove óbitos por 100 mil observados entre os beneficiários do programa.

A pesquisa destaca que as condicionalidades do Bolsa Família, como requisitos na saúde e educação, desempenham um papel importante na prevenção e tratamento do vírus do HIV. Incentivando a vacinação de crianças e o acompanhamento pré-natal, o programa motiva as famílias a buscar serviços de saúde, proporcionando orientações essenciais para a prevenção e tratamento.

Importância do Bolsa Família na saúde pública

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) destaca que viver com extrema baixa renda é um fator de risco para várias condições de saúde, incluindo tuberculose, malária e AIDS. A pesquisa enfatiza a importância de políticas públicas, como os programas de transferência de renda condicionada, na melhoria do bem-estar das populações em situações de vulnerabilidade.

Andréa Silva, pesquisadora associada ao ISC/UFBA e Cidacs/Fiocruz Bahia, ressalta que a amplitude e a robustez deste estudo fornecem uma visão abrangente dos efeitos positivos de um programa de transferência condicionada de renda.

Segundo ela, a probabilidade de uma pessoa desenvolver AIDS é 41% menor entre os participantes do Bolsa Família em comparação com não beneficiários, enquanto a probabilidade de morte associada à AIDS é 39% menor. As taxas de letalidade também diminuíram em 25% entre os beneficiários do programa.