Cerca de 3 milhões de brasileiros tiveram suas contas no Caixa Tem, aplicativo para recebimento do Auxílio Emergencial, suspensas pela Caixa Econômica Federal. A informação foi anunciada pelo presidente do banco, Pedro Guimarães, que disse que "centenas de milhares" de contas foram consideradas suspeitas de fraude para receber o benefício de forma indevida.
Segundo Guimarães, o problema ocorreu pelo fato da Caixa ter permitido que diversos cadastros fossem realizados no mesmo celular, abrindo uma brecha para que hackers utilizassem dados de outras pessoas para praticar fraude. De acordo com o presidente da Caixa, nem todas as contas suspensas são de hackers, o que acabou prejudicando alguns cidadãos legítimos de receber o dinheiro.
"Com a implementação rápida que tivemos que fazer para distribuir o auxílio lá no começo, sobraram algumas brechas de segurança. Em maio, em uma janela de dez dias, hackers acessaram milhares de contas. Identificamos todas e já corrigimos os problemas, mas pessoas honestas tiveram suas contas bloqueadas porque tivemos que salvar o dinheiro público", disse em entrevista.
Nas redes sociais, o Ministério da Cidadania disse que o "pente-fino" será ainda mais rigoroso para evitar as fraudes. Bens, renda e participação em empresas dos elegíveis serão investigadas com ajuda do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Veja:
O @MinCidadania vai contribuir em nova estratégia de combate a fraudes no #AuxílioEmergencial junto ao @MPF_PGR, @policiafederal e @Caixa, com foco na atuação de grupos criminosos. Renda, patrimônio pessoal e participação em empresas serão alguns dos pontos analisados. pic.twitter.com/10787BPrVk
— Ministério da Cidadania (@MinCidadania) July 22, 2020
Quem teve auxílio cortado mas atende os requisitos deve procurar uma agência
Guimarães garante que todos os beneficiários que têm direito e tiveram suas contas suspensas terão acesso ao benefício. Para isso acontecer, porém, é necessário comparecer a uma agência da Caixa com documento em mãos que comprove o cadastro em seu nome. O aplicativo Caixa Tem indica que sua conta foi suspensa quando mostra a mensagem "Procure uma agência da CAIXA com seu documento de identidade para regularizar seu cadastro".
Apesar da solução parecer simples, Guimarães alerta que a liberação pode demorar alguns dias. Segundo ele, o processo é rápido e leva cerca de três minutos. Entretanto, centenas de pessoas devem procurar as agências para realizar o procedimento, o que pode causar lentidão no atendimento, mas eventualmente o cidadão terá acesso ao dinheiro. "Quando a pessoa vai à agência e mostra que é ela mesma, nós liberamos rapidamente. Se ela não for, ficará sim bloqueado, porque essa questão de fraude nesse momento de pandemia é inaceitável", afirmou Guimarães.
Auxílio foi cancelado para alguns
As fraudes não são o único motivo pelo qual os beneficiários deixam de receber o Auxílio Emergencial. Em alguns casos, o benefício foi bloqueado porque o cidadão deixa de se enquadrar nos critérios previstos em lei para receber o dinheiro. Isso acontece pois o Ministério da Cidadania e a Dataprev realizam a checagem dos dados a cada novo pagamento de parcela do Auxílio Emergencial.
Assim, se o sistema indicar que o beneficiário conseguiu um emprego ou passou a receber algum outro benefício, por exemplo, os R$ 600 do Auxílio serão cancelados, mesmo que o beneficiário já tenha recebido uma ou duas parcelas. Para combater o pagamento indevido do Auxílio Emergencial o Ministério da Cidadania firmou parcerias com órgãos como a Receita Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), que auxiliam na identificação de casos suspeitos.
A pasta divulgou na semana passada que num universo de 620.299 casos suspeitos de recebimento indevido foram bloqueados um total de 399.304 pagamentos. Restavam ainda 220.995 casos com algum tipo de suspeita que devem passar por checagem. De acordo com relatório elaborado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que detalhou os dados dos pagamentos do mês de abril o auxílio de R$ 600,00 foi recebido por pessoas falecidas, presidiários, servidores públicos e até mesmo grandes empresários.
No documento, o TCU alertou o governo federal que se os pagamentos a estes que não se encaixam nos critérios de elegibilidade não forem interrompidos um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão poderia ser gerado aos cofres da União por essas pessoas que não têm direito ao benefício.
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