Começou a valer em todo o Brasil na última segunda-feira, 17 de julho, o programa Desenrola Brasil, desenvolvido pelo Governo Federal. Ele tem como objetivo auxiliar milhões de brasileiros a limparem seus nomes, extinguindo e renegociando dívidas.

Estima-se que cerca de 66 milhões de brasileiros não estão conseguindo pagar as suas contas atualmente. Os dados são da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Esse ainda é um reflexo da pandemia de covid-19 que deixou milhões sem empregos e endividados de 2020 até agora.

Por isso a inadimplência, ou seja, as contas ou dívidas em atraso, atinge, segundo o CNDL, quatro entre dez brasileiros adultos, incluindo três a cada quatro idosos com idade entre 65 e 84 anos.

Mas o que muitas pessoas podem estar se perguntando é: será que vale a pena aderir? Como vai funcionar a questão dos juros e dos impostos que terão que ser pagos por quem renegociar suas dívidas através do programa?

Vamos explicar tudo isso abaixo. Confira.

Créditos: M3Mídia

Como vai funcionar?

Serão renegociadas as dívidas negativadas nos bureaus de crédito até 31 de dezembro de 2022. Além disso, os beneficiários serão incentivados a realizar um curso de Educação Financeira.

O programa terá duas faixas de benefícios:

  • A Faixa 1 é para aqueles que recebem até dois salários mínimos ou que estejam inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Para esse grupo, o Programa vai oferecer recursos como garantia para a renegociação de dívidas bancárias e não bancárias cujos valores de negativação somados não ultrapassem o valor de R$ 5 mil.
  • A Faixa II é destinada somente às pessoas com dívidas no banco, que poderá oferecer a seus clientes a possibilidade de renegociação de forma direta. Essas operações não terão a garantia do Fundo FGO. Nesse caso, o governo oferece às instituições financeiras, em troca de descontos nas dívidas, um incentivo regulatório para que aumentem a oferta de crédito.

Vale a pena renegociar dívidas pelo Desenrola?

Há vários pontos, dentro das regras do programa Desenrola Brasil, que devem ser conhecidas por quem tem interesse em aderir a ele. Entre esses pontos está o de que as operações contratadas no âmbito do Desenrola Brasil (Faixa 1 e Faixa 2) estarão isentas de IOF.

Além disso, as dívidas renegociadas poderão ser parceladas em até 60 vezes, com parcela mínima de R$ 50,00 e juros de até 1,99% ao mês.

Para fazer o pagamento, os devedores poderão optar pelo pagamento à vista ou financiar as dívidas junto a uma instituição financeira. Em caso de opção pela modalidade de financiamento, as parcelas poderão ser pagas por meio de débito em conta corrente, boleto bancário ou PIX.

O devedor também poderá escolher o Agente Financeiro por meio do qual vai realizar o financiamento da dívida e antes de contratar o serviço efetivamente, ele poderá fazer simulação dos valores, parcelas, juros, etc, considerando as informações registradas pelo devedor e as condições estabelecidas pelo Programa e pelos agentes financeiros.

Além disso, todo o processo, inclusive a assinatura do contrato, será eletrônico, via autenticação Gov.br.

Diante dessas informações, o que os especialistas estão apontando é que renegociar dívidas é sempre importante e sempre um oportunidade de se livrar de juros altos, mas que é preciso estar atento por os juros do programa também estão bastante altos.

Considerando a falta de educação financeira dos brasileiros, é preciso atenção redobrada. Do contrário, o programa que tem como objetivo ser solução, acaba se tornando a causa de mais oneração.

Apenas para se ter uma ideia, uma dívida de R$ 5 mil, que é o teto da Faixa 1, ao fim do período de 60 meses, com uma taxa de juros de 1,99% ao mês, resultará em um pagamento de R$ 8.609.

Assim, a dica é tentar barganhar as melhores condições, já que o juro máximo será de 1,99% ao mês, mas os bancos poderão oferecer propostas melhores.