O Banco Central divulgou nessa terça-feira, 7 de fevereiro, a ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada, nos dias 31 de janeiro e 1º de fevereiro.
Na ocasião a taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira, foi revisada e mantida em 13,75% ao ano, como vem desde agosto de 2022.
Acontece que para o presidente Lula, os juros estão altos e precisam baixar o quanto antes e em função disso, ele vem tecendo críticas a respeito do órgão. Entenda melhor abaixo.
BC desagrada Lula
Nessa segunda-feira, dia 6, antes mesmo da publicação da ata do Copom, Lula já havia feito críticas ao Banco Central e ao patamar em que está a Taxa Selic hoje, durante o evento de posse de Aloizio Mercadante como presidente do BNDES.
É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juro e a explicação que eles deram à sociedade brasileira. O problema não é de banco independente, não é de banco ligado ao governo. O problema é que este País tem uma cultura de viver com os juros altos", disse Lula.
Mas essa não foi a primeira vez que Lula fez comentários desse tipo. O presidente também foi bastante crítico, especialmente com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em uma entrevista concedida à RedeTV! na semana passada.
Na ocasião Lula disse que vai esperar o fim do mandato de Campos Neto para avaliar a independência do Banco Central. Há alguns anos, quando Lula foi presidente pela primeira vez, a direção do BC era composta por indicações políticas e por isso, as decisões sempre seguiam a linha de pensamento e atuação do presidente da República.
Atualmente, porém, os nomes indicados para o órgão precisam ser aprovados pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e o funcionamento do órgão está mais baseado em ciência econômica, ou seja, as decisões levam menos em consideração os aspectos políticos. É isso que Lula pretende rever.
O mandato de Campos Neto termina em 31 de dezembro de 2024, conforme o decreto de nomeação publicado no Diário Oficial da União em abril de 2021. O documento determina que a presidência do BC tenha mandato de 4 anos não coincidentes com o mandato de presidente.
O que diz a ata do Copom?
O Copom segue alertando o mercado a respeito das incertezas do cenário fiscal e declarou que pode manter os juros elevados por mais tempo do que o previsto inicialmente para que a inflação possa ser controlada.
Como pontos positivos, o órgão cita o combate à Covid, especialmente na China, como um fator impactante. Também foi citado o inverno mais ameno registrado na Europa e um redução no crescimento dos Estados Unidos, o que desacelera um pouco a economia global e a estabiliza.
Outro ponto positivo é a normalização nas cadeias de suprimento e acomodação nos preços das commodities, finalmente, cerca de um ano após o início da guerra entre Russia e Ucrânia.
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Por outro lado, todos os países estão cautelosos, a confiança não é muito grande nesse momento, o mercado de trabalho, apesar de ter voltado a crescer em 2022, pós-pandemia, está desacelerando e, sobretudo, a inflação ainda está alta:
as expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 5,7% e 3,9%, respectivamente".
Diante desse cenário todo, o Comite disse ter analisado um cenário alternativo, com juros estáveis ao logo dos próximos meses, ao invés da esperada redução que se tinha previsto inicialmente, e que
em tal cenário, as projeções de inflação situam-se em 5,5% para 2023, 3,1% para o terceiro trimestre de 2024 e 2,8% para 2024.
E assim,
Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos de 2023 e, em grau maior, de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego".
- A ata completa pode ser lida clicando aqui.
Haddad se manifesta sobre a ata
Em resposta à essa publicação e também às falas de Lula, o ministro da Economia, Fernando Haddad também se manifestou nessa terça-feira, dia 7, defendendo a harmonia entre a política fiscal e a política monetária.
Para que todos possam entender, a política fiscal é executada pelo governo federal. Ela trata das contas públicas, ou seja, da arrecadação de impostos e dos gastos públicos. Já a política monetária é responsabilidade do BC. É ela que cuida da definição de juros para conter a inflação.
Vamos, como eu disse já várias vezes, harmonizar a política fiscal com a política monetária, uma ajuda a outra. A política fiscal ajuda a política monetária, mas não podemos nos esquecer que a política monetária ajuda a política fiscal", disse Haddad.
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Em relação ao alerta dado pela ata, de que os juros devem ser mantidos por mais tempo elevados por causa das incertezas do cenário fiscal, Haddad disse que isso ainda é um reflexo do legado deixado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O que o Banco Central disse, creio que faz mais referência ao legado do governo anterior do que as providências que estão sendo tomadas por este governo [...] existe realmente uma situação fiscal que inspira cuidados, mas isso é uma herança que nós temos que administrar", defendeu Haddad.
Ainda assim, Haddad disse que a nota do Copom poderia ter sido "um pouco mais generosa" com o governo diante das medidas já anunciadas para melhorar as contas públicas e a economia do Brasil, e que seria impossível resolver em 30 dias de governo o rombo de R$ 300 bilhões que foi deixado pelo governo anterior.
Qual é a aperspectiva para a Selic?
A Selic é, oficialmente, o instrumento por meio do qual o BC controla a inflação - em 2022, o IPCA fechou em 5,79%, acima da meta (3,5%) e da margem de tolerância (1,5 ponto percentual).
Só que a Selic influencia em todas as demais taxas de juros do país e se ela está em 13,75%, todas as taxas de juros estão altas, incluindo as de financiamentos, por exemplo.
Enquanto que para a parcela mais rica da população uma taxa de juros mais alta significa bons rendimentos em aplicações financeiras, para a parcela mais pobre, significa mais dificuldade para alcançar objetivos, conseguir dinheiro, etc.
Por isso, Lula que tem uma política mais voltada para as classes baixas, critica a alta da Selic e pede pela suaa redução.
Vale destacar, porém, que independentemente das criticas de Lula já há uma expectativa de redução na taxa para o médio prazo. Todas as semanas o Banco Central divulga um relatório chamado de Boletim Focus, onde é apresentada a expectativa do mercado financeiro para os principais índices econômicos.
E segundo o Focus publicado nessa segunda-feira, 6 de fevereiro, a expectativa do mercado é de que a Selic sofra uma queda até o fim de 2023, ainda que não muito significativa.
Como visto acima, hoje ela está em 13,75% e ela deve ser reduzida para 12,50% até dezembro desse ano. Para 2024, a redução podoe ser um pouco maior, chegando a 9,75%. Até 2026, espera-se que ela chegue aos 8,50%.
Isso, porém, ainda é bastante considerando que em 2020 a taxa chegou aos 2% ao ano, o menor patamar da história até então.
Essa previsões, porém, ainda podem e provavelmente vão mudar muitas vezes até o fim de 2023, conforme os acontecimentos do país e do mundo forem afetando a economia.
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