A tão aguardada Black Friday chegou, mas algo está diferente este ano. Apesar da estimativa otimista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) de faturar R$ 4,64 bilhões, 4,3% a mais que em 2022, os números não parecem seguir o esperado.
A Black Friday, originalmente uma tradição nos Estados Unidos para impulsionar as vendas após o Dia de Ação de Graças, tornou-se um fenômeno global. No Brasil, ela se consolidou como a data mais importante para muitos varejistas, superando até mesmo o Natal.
Entretanto, de acordo com o Google Trends, o interesse dos consumidores pela Black Friday no Brasil atingiu o menor patamar dos últimos 5 anos até a manhã desta sexta-feira, 24.
Em 2019, o ápice da procura foi registrado, mas desde então, a tendência tem sido de queda. Surpreendentemente, uma pesquisa da Conversion aponta que 90,5% dos entrevistados expressaram a intenção de realizar compras nesta edição, representando um aumento de 9% em relação a 2022.
Veja o gráfico de tráfego dos últimos 5 anos abaixo:
Compras da Black Friday 2023
O e-commerce, que costuma se destacar nos primeiros 15 dias de novembro, conhecidos como "Esquenta Black Friday", enfrentou uma queda de 6,7% no faturamento em comparação a 2022, atingindo R$ 6,92 bilhões, segundo dados da Neotrust. A redução nos pedidos foi ainda mais expressiva, alcançando 13,5%, com 16,4 milhões de pedidos registrados em comparação aos 19 milhões do ano anterior.
O cenário desafiador da edição deste ano é multifacetado. Embora seja o primeiro ano sem a presença de pandemia, eleições ou Copa do Mundo, também é um período de elevado endividamento das famílias, restrição ao crédito e uma seca histórica na região Norte, impactando a logística das varejistas.
A expectativa é de uma Black Friday com vendas mais conservadoras, refletindo o contexto desafiador. Até mesmo o volume de fraudes, preocupação de 76% dos consumidores, deve diminuir devido à menor quantidade de pedidos.
Motivos para a redução das compras na Black Friday
Luis Cambraia, líder de vendas da Neotrust, aponta que a crise no transporte devido à seca na região Norte é uma variável crítica que pode afetar o resultado da Black Friday. Itens como televisão, telefones e ar-condicionado, produzidos nessa região, podem ter oferta reduzida, levando a preços mais altos ou descontos menos generosos.
Apesar dos desafios, a Neotrust prevê um aumento de 12% no faturamento durante a Black Friday em si, atingindo R$ 7,99 bilhões. O ticket médio das compras teve um pequeno aumento de 8%, chegando a R$ 421 nos primeiros 15 dias de novembro.
Em meio às incertezas, o medo de fraudes persiste entre os consumidores. Contudo, 33,4% consideram preço e frete como fatores cruciais na hora de fechar o carrinho, enquanto 15,9% valorizam a qualidade do produto e avaliações de outros consumidores.
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