Com alguma frequência vemos notícias que falam sobre o preço da gasolina. Algumas vezes o governo anúncia redução de impostos - ou a volta deles -, em outros momentos, a Petrobras anuncia uma redução ou aumento no preço de venda do combustível para as refinarias, por exemplo.

Todas essas mudanças impactam no valor que chega ao consumidor final, para mais ou para menos. E convenhamos que quase todos nós estamos sempre de olho no preço dela, porque afinal, uma boa parte dos brasileiro precisa da gasolina no seu dia a dia.

Além disso, o preço dos combustíveis, de uma forma geral, impacta no preço de quase todos os demais produtos comercializados no Brasil já que o transporte terrestre, que utiliza gasolina, etanol e diesel é a principal forma de distribuição desses produtos pelo país.

Mas o preço da gasolina não depende apenas da Petrobras e do governo. Quer entender como é estabelecido o preço dela? Confira.

Créditos: Divulgação
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Como é composto o preço da gasolina?

No Brasil, há uma série de itens que compõem o preço desse combustível. Veja quais são eles:

  • Preço do produtor (Petrobras e importadores) - em geral a maior fatia do bolo, cerca de 39% hoje;
  • Preço do etanol - o combustível comercializado nos postos do país é composto por 73% de derivado de petróleo (gasolina A) e 27% de etanol de origem canavieira. Ele representa 15,4% do preço atualmente;
  • Tributos federais - PIS, Cofins e Cide, que correspondem a 6,7% atualmente;
  • Imposto estadual - ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), que foi estabelecido recentemente em R$ 1,22 para todos os estados, o que corresponde a 20,7% do preço;
  • Distribuição, transporte e revenda - representando 18,2%.

Veja abaixo o gráfico feito pela Petrobras para ilustrar cada um desses ítens:

Composição atual do preço da gasolina no Brasil. Créditos: Reprodução/Petrobras
Composição atual do preço da gasolina no Brasil. Créditos: Reprodução/Petrobras

Atualmente, o preço da gasolina está custando em média R$ 5,21 no Brasil segundo o levantamento mais recente, do dia 3 de junho. A maior parte do preço, de fato, é o valor de venda do combustível da Petrobras para as refinarias, que correspondea R$ 2,03 atualmente.

Outros fatores que influenciam

Mas além desses itens listados acima, há alguns outros fatores que impactam também. Veja só:

Preço do dólar

A Petrobras, que abastece os distribuidores, calcula o preço da refinaria com base nos preços do petróleo (atrelado ao dólar) e nas taxas de câmbio. Nesse sentido, a valorização do dólar norte-americano obriga o preço da gasolina a subir;

O aumento na demanda

Depois do fim da pandemia de covid-19, houve uma retomada da economia mundo afora, o que fez com que a demanda pelo petróleo (que é uma commodity) também aumentasse. Isso resultou em um aumento do valor no mercado internacional.

O petróleo e seus derivados, assim como todos os outros produtos, têm seus valores estimados a partir da lógica de oferta e demanda. Quanto mais algo é necessário, mais ele vale, e por isso, mais ele vai custar.

O valor do barril

Os do tipo Brent, que são comercializados em Londres e usados pela Petrobras para cálculo de preços, subiram quase 40% desde o início do ano, pressionando os preços dos combustíveis fósseis em geral.

E os impostos, qual o papel deles?

E há ainda os impostos, que como vimos, têm uma participação relevante na composição do preço. Se os impostos aumentam, consequentemente o preço do combustível vai ser elevado também.

Recentemente, por exemplo, houve uma mudança na regra de cobrança do ICMS. Antes, cada estado tinha autonomia para definir a porcentagem de cobrança desse imposto em cima do produto. Agora, porém, a um valor nacional estabelecido, de R$ 1,22 por litro.

No entanto, para a maioria dos estados, esse valor representou um alta de preços. O percentual de ICMS agora, é de cerca de 20% para todos, no entanto, antes muito estados cobravam 17%, por exemplo.

Entre os estados mais impactados, estiveram o Mato Grosso do Sul e o Rio Grande do Sul, que tiveram uma alta nos preços da gasolina de carca de 5,8% e 5,7% respectivamente. Em todo o Brasil, a alta foi de cerca de R$ 0,16 em média.

Nova política de preços deve ajudar

Por outro lado, uma das mudanças que promete ser positiva, foi uma mudança na política de preços da Petrobras anunciada em maio. A novidade colocou fim ao modelo de paridade internacional, atrelado ao dólar e ao mercado global de petróleo que vinha sendo utilizada desde 2016.

Segundo a Petrobras, a nova política vai usar duas referências de mercado:

  1. O custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação: contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos;
  2. O valor marginal para a Petrobras: baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino.

Dessa forma, a Petrobras deixa de lado a subordinação obrigatória ao preço de paridade de importação que acompanhava as flutuações do mercado internacional sem qualquer intervenção.

Ou seja, o preço do dólar e do barril de petróleo ainda impactam, mas impactam menos, porque o governo, que é o principal acionista da Petrobras, tem um controle maior sobre os preços estabelecidos.

A ideia do governo atual, é de que a Petrobras, como uma empresa estatal, não precisa ter tanto lucro e por isso pode colocar no mercado preços mais competitivos. Governos anteriores viam isso de forma diferente, pensando mais no lucro da empresa e dos acionistas dela - inclusive do governo.

A partir dessa política de preços, em maio chegou a ser anunciada uma redução significativa nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha. No entanto, com a mudança no ICMS os preços voltaram a subir a partir do dia 1º de junho.