Na última quarta-feira (03), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central optou por manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, continuando assim no mesmo patamar desde agosto de 2022. A decisão se dá em um contexto de críticas vindas do presidente Lula e de ministros do governo em relação ao atual nível da taxa.

Após o encontro, o comitê divulgou um comunicado avaliando que a situação econômica do país demanda "paciência e serenidade" na gestão da política monetária. Além disso, o Copom destacou a possibilidade de um aumento na Selic em reuniões próximas, caso o processo de desinflação não ocorra como esperado, embora ressalte que esse é um "cenário menos provável" neste momento.

A declaração do Copom sobre uma possível subida veio após o FED aumentar a taxa de juros americana em 0,25%, agora entre 5 e 5,25% ao ano por lá.

Taxa Selic influencia as demais taxas do país

A taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia e afeta todas as outras taxas de juros do país, incluindo empréstimos, financiamentos e investimentos financeiros, tem sido alvo de pressão do governo Lula para redução, alegando que seu nível atual limita o crescimento da economia.

No evento com as centrais sindicais em comemoração ao Dia do Trabalho, o presidente Lula relacionou o desemprego ao nível da Selic, afirmando que a taxa de juros é em parte responsável pela situação do país. Além disso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que o Banco Central inicie um processo de corte dos juros.

Comitê decide manter a taxa Selic inalterada

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, no entanto, tem defendido a atuação do Copom de forma técnica, a fim de atingir as metas de inflação. Desde 2021, o Banco Central tem autonomia operacional para definir a política monetária visando controlar a inflação.

Neste ano, a meta de inflação foi estabelecida em 3,25%, considerada formalmente cumprida se ficar entre 1,75% e 4,75%. Já a meta de inflação para o próximo ano é de 3%, sendo cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.

A decisão do Copom de manter a taxa Selic em 13,75% ao ano era amplamente esperada pelo mercado, sendo esta a sexta vez consecutiva que o comitê decide pela manutenção da taxa. O grupo se reúne a cada 45 dias para definir a taxa básica de juros da economia e esta é a terceira reunião do Copom durante o governo Lula.

O comitê destacou que a conjuntura econômica do país requer paciência e serenidade na condução da política monetária, o que sugere que o Banco Central deve continuar monitorando a evolução da inflação antes de decidir por reduzir a Selic. A próxima reunião do Copom está agendada para ocorre entre os dias 20 e 21 de junho.