Após última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central ser realizada, a terceira queda de juros desde 2020 aconteceu. O órgão que tem a responsabilidade de definir a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, volta a se reunir agora em setembro

As decisões do COPOM impactam diretamente ou indiretamente no bolso de todos os brasileiros. E agora a Selic passou de 12,75% para 12,25% ao ano. Isso influencia no rendimento da poupança, de contas com rendimento baseado no CDI, além de aplicações como Tesouro Direto e também nas taxas cobradas por empréstimos e financiamentos.

Portanto, é interessante saber quando as próximas reuniões devem acontecer e quais são as perspectivas para esses próximos encontros. Veja abaixo o calendário e o que deve acontecer nos próximos meses com a economia brasileira no cenário atual.

O que é a Taxa Selic?

Abreviação de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, a Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, responsável por orientar o cálculo dos demais juros do país.

Sempre revisada pelo Copom, órgão do Banco Central, a cada 45 dias, a Selic mostra como os bancos devem cobrar por empréstimos e financiamentos e impõe a rentabilidade direta ou indireta de investimentos.

Além disso, a Selic também norteia a inflação no Brasil (atingindo em cheio o IPCA), tudo para controlar a economia brasileira. A imagem abaixo mostra como isso funciona.

Créditos: Divulgação/Banco Central
Créditos: Divulgação/Banco Central

Com a Selic sendo aumentada, logo os empréstimos e financiamentos ficaram mais caros e o poder de compra dos brasileiros diminuiu; neste caso, é observada uma desaceleração na economia. Entretanto, alguns investimentos, como os títulos públicos, ficam com uma rentabilidade maior.

De outro lado, quando o Copom decide baixar a Selic - assim como ocorreu fortemente em 2020 e volta acontecer agora -, o movimento é, em tese, o contrário e a intenção do governo, junto aos economistas, é deixar o crédito mais barato e incentivar o consumo da população e a produção do mercado, aquecendo a economia.

Hoje a Selic está em 12,25%. Ela foi reduzida em novembro de 2023, pela terceira vez, depois de um ano na faixa dos 13,75%. A expectativa do mercado é de quem até o fim de 2023 ela seja reduzida em mais 0,50 ponto percentual.

Quer ver o histórico da Selic ao longo desse ano e do ano passado? Confira abaixo.

Histórico recente da Taxa Selic

Últimos ajustes da Taxa Selic
Reunião do Copom SELIC - % a.a. Ajuste
1º/11/2023 12,25 -0,50
20/09/2023 12,75 -0,50
02/08/2023 13,25 -0,50
21/06/2023 13,75 -
03/05/2023 13,75 -
22/03/2023 13,75 -
1º/02/2023 13,75 -
07/12/2022 13,75 -
26/10/2022 13,75 -
21/09/2022 13,75 -
03/08/2022 13,75 + 0,50
15/06/2022 13,25 + 0,50
04/05/2022 12,75 + 1,00
16/03/2022 11,75 + 1,00
02/02/2022 10,75 +1,50
08/12/2021 9,25 +1,50
27/10/2021 7,75 +1,50
22/09/2021 6,25 + 1,00
04/08/2021 5,25 +1,00
16/06/2021 4,25 +0,75
05/05/2021 3,50 +0,75
17/03/2021 2,75 +0,75
20/01/2021 2,00 -
09/12/2020 2,00 -
Créditos: Banco Central/Poupar Dinheiro

Quem é o COPOM?

É importante também conhecer um pouco mais o COPOM. Trata-se de um órgão formado pelo presidente e oito diretores do Banco Central, que se reúnem em sessões de dois dias para estudar e discutir sobre diversos assuntos, como inflação, contas públicas, o desempenho da atividade econômica e o cenário internacional — e, claro, para ajustar a taxa SELIC.

Em cada reunião os membros do Copom analisam as projeções dos especialistas para os mercados e economias globais antes de tomar as decisões finais, por voto.

Créditos: Divulgação/Banco Central
Créditos: Divulgação/Banco Central

"O Copom toma suas decisões a cada reunião, conforme as expectativas de inflação [indicada pelo IPCA], o balanço de riscos e a atividade econômica. O BC define a taxa Selic visando o cumprimento da meta para a inflação", explicou o Banco Central (BC). Vale dizer que essa meta para inflação é sempre definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Créditos: Divulgação/Banco Central
Créditos: Divulgação/Banco Central
Acima é possível ver a composição atual do Copom: (da esquerda para a direita) Bruno Serra Fernandes, Diretor de Política Monetária; Otavio Ribeiro Damaso, Diretor de Regulação; Paulo Souza, Diretor de Fiscalização; Carolina de Assis Barros, Diretora de Administração; Mauricio Moura, Diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta; Roberto Campos Neto, Presidente; Fernanda Guardado, Diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos; Renato Dias de Brito Gomes, Diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução; e Diogo Abry Guillen, Diretor de Política Econômica.

Calendário Copom 2023

Na metade de 2022, o Banco Central já publicou o calendário das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2023. Confira abaixo em quais dias a Selic será definida neste ano:

  • 31 de janeiro e 1º de fevereiro;
  • 21 e 22 de março;
  • 2 e 3 de maio;
  • 20 e 21 de junho;
  • 1º e 2 de agosto;
  • 19 e 20 de setembro;
  • 31 de outubro e 1º de novembro;
  • 12 e 13 de dezembro.

Além disso, o órgão também já divulgou as datas de 2024. Veja:

  • 30 e 31 de janeiro
  • 19 e 20 de março
  • 7 e 8 de maio
  • 18 e 19 de junho
  • 30 e 31 de julho
  • 17 e 18 de setembro
  • 5 e 6 de novembro
  • 10 e 11 de dezembro

Quais as expctativas para 2023?

Revisado toda semana, o Relatório Focus é o boletim oficial do Banco Central que traz projeções atualizadas do mercado financeiro para os principais indicadores da economia. E para 2023, suas previsões atualmente* são as seguintes:

    • Selic: 11,75% ao ano;
    • Inflação (IPCA): 4,63% ao ano
    • PIB Total (variação sobre o ano anterior): 2,89%;
    • Câmbio (Dólar): R$ 5,00;
    • IGP-M: -3,51%;
    • Conta Corrente: saldo negativo de R$ 38,30 bilhões;
    • Balança comercial: US$ 74,95 bilhões;
    • Investimento direto no país: US$ 72 bilhões;
    • Dívida líquida do setor público: 60,60% do PIB.

    *Com base no boletim publicado na segunda-feira, 30 de outubro de 2023.