O IBGE divulgou nessa terça-feira, 11 de abril, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de março anunciando que ele ficou em 0,71%. O valor é 0,13 ponto percentual mais baixo do que o registrado em fevereiro deste ano (0,84%).

Assim, no ano de 2023 o IPCA acumula alta de 2,09% e, nos últimos 12 meses, de 4,65%, abaixo dos 5,60% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em março de 2022, a variação havia sido de 1,62%.

No entanto, apesar de a inflação estar desacelerando, um detalhe chama a atenção: é que com essa inflação registrada, o rendimento da caderneta de poupança não está valendo a pena, porque ela rendeu menos do que a inflação no mês de março. Isso significa dizer que o dinheiro na poupança, mais uma vez, teve seu poder de compra reduzido.

Veja abaixo todos os dados relacionados ao IPCA de março e entenda como fica o rendimento da poupança nessa situação.

Créditos: M3Mídia

Inflação por grupos

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em março. A exceção foi Artigos de residência (-0,27%), que tinha subido 0,11% em fevereiro. O maior impacto (0,43 p.p.) e a maior variação (2,11%) no índice do mês vieram de Transportes.

Na sequência, vieram Saúde e cuidados pessoais (0,82%) e Habitação (0,57%), que desaceleraram ante o mês anterior, contribuindo com 0,11 p.p. e 0,09 p.p, respectivamente. Os demais grupos ficaram entre o 0,05% de Alimentação e bebidas e o 0,50% de Comunicação.

Veja o quadro abaixo com os índices divulgados:

Grupo Variação (%) Impacto (p.p.)
Fevereiro Março Fevereiro Março
Índice Geral 0,84 0,71 0,84 0,71
Alimentação e bebidas 0,16 0,05 0,04 0,01
Habitação 0,82 0,57 0,13 0,09
Artigos de residência 0,11 -0,27 0,01 -0,01
Vestuário -0,24 0,31 -0,01 0,01
Transportes 0,37 2,11 0,07 0,43
Saúde e cuidados pessoais 1,26 0,82 0,16 0,11
Despesas pessoais 0,44 0,38 0,04 0,04
Educação 6,28 0,10 0,35 0,01
Comunicação 0,98 0,50 0,05 0,02

Nos Transportes (2,11%), o principal destaque foi a gasolina (8,33%), subitem com maior impacto individual no índice do mês (0,39 p.p.). O etanol (3,20%) também subiu, enquanto gás veicular (-2,61%) e óleo diesel (-3,71%) tiveram queda. As passagens aéreas, que já haviam recuado 9,38% em fevereiro, caíram 5,32% em março.

O resultado do grupo Saúde e cuidados pessoais (0,82%) foi influenciado principalmente pela alta de 1,20% do plano de saúde, que segue incorporando as frações mensais dos planos novos e antigos referentes ao ciclo de 2022-2023.

Já no grupo Habitação (0,57%), a maior contribuição (0,09 p.p.) veio da energia elétrica residencial (2,23%).

O resultado do grupo Alimentação e bebidas (0,05%) foi influenciado pela queda da alimentação no domicílio, que passou de 0,04% em fevereiro para -0,14% em março. Houve queda mais intensa nos preços da batata-inglesa (-12,80%) e do óleo de soja (-4,01%), e foram registrados recuos nos preços da cebola (-7,23%), do tomate (-4,02%) e das carnes (-1,06%). No lado das altas, destacam-se a cenoura (28,58%) e o ovo de galinha (7,64%).

A alimentação fora do domicílio variou 0,60%, acima do registrado no mês anterior (0,50%). Enquanto o lanche acelerou de 0,57% para 1,09%, a refeição (0,41%) ficou com resultado próximo ao de fevereiro (0,38%).

O resultado de Artigos de residência (-0,27%), único grupo com variação negativa em março, foi puxado pelas quedas nos preços dos itens de tv, som e informática (-1,77%), principalmente do televisor (-2,15%) e do computador pessoal (-1,08%). Os eletrodomésticos e equipamentos (-0,23%) também registraram queda, após alta de 0,45% em fevereiro.

Inflação por regiões

Todas as áreas tiveram alta em março. A maior variação foi em Porto Alegre (1,25%), em função das altas da gasolina (10,63%) e da energia elétrica residencial (9,79%).

Já a menor variação foi registrada em Fortaleza (0,35%), influenciada pelas quedas de 17,94% do tomate e de 2,91% do frango inteiro.

Veja o quadro abaixo:

Região Peso Regional (%) Variação (%) Variação Acumulada (%)
Fevereiro Março Ano 12 meses
Porto Alegre 8,61 0,75 1,25 2,24 4,37
Brasília 4,06 0,48 1,11 1,93 5,30
Curitiba 8,09 1,09 1,03 2,08 3,12
Goiânia 4,17 0,85 1,02 2,12 3,08
Belém 3,94 0,86 0,84 2,12 4,53
Vitória 1,86 0,92 0,84 2,70 4,77
São Luís 1,62 0,65 0,73 1,38 3,45
Aracaju 1,03 0,88 0,70 2,23 4,59
Campo Grande 1,57 0,54 0,68 1,84 3,54
Rio de Janeiro 9,43 0,65 0,64 1,73 4,69
Recife 3,92 0,99 0,62 1,65 4,48
São Paulo 32,28 0,92 0,58 2,20 5,61
Rio Branco 0,51 0,44 0,54 1,66 4,15
Salvador 5,99 0,81 0,44 2,36 5,36
Belo Horizonte 9,69 0,81 0,39 2,04 3,31
Fortaleza 3,23 0,73 0,35 1,96 4,47
Brasil 100,00 0,84 0,71 2,09 4,65

INPC tem alta de 0,64% em março

Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC - que é o índice que calcula a inflação para aqueles que recebem até 5 salários mínimos, teve alta de 0,64% em março, abaixo do registrado no mês anterior (0,77%).

No ano, o INPC acumula alta de 1,88% e, nos últimos 12 meses, de 4,36%, abaixo dos 5,47% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em março de 2022, a taxa foi de 1,71%.

Os produtos alimentícios registraram queda de 0,07% em março, após alta de 0,04% em fevereiro. Nos produtos não alimentícios, foi registrada alta de 0,87%, desacelerando em relação ao resultado de 1,01% observado em fevereiro.

Todas as áreas tiveram variação positiva em março. O menor resultado foi registrado em Belo Horizonte (0,26%), onde pesaram as quedas nos preços da batata-inglesa (-18,88%) e das frutas (-11,60%).

A maior variação, por sua vez, ocorreu em Porto Alegre (1,37%), puxada pelas altas de 10,63% da gasolina e de 9,69% da energia elétrica.

Poupança perde no mês

Atualmente, como a Selic está acima de 8,5%, a poupança tem um rendimento de 6% ao ano + Taxa Referencial, ou seja, 0,5% ao mês + a TR. A TR, por sua vez, varia todos os dias, no entanto, ela vem se mantendo em cerca de 0,2%.

Assim, o rendimento médio do mês de março foi de 0,68% ao mês. Se a inflação teve uma alta de 0,71% então, o rendimento da poupança está menor do que a inflação e não está valendo a pena pois os preços ainda estão subindo mais do que o retorno oferecido pela caderneta.

Assim, os milhares de brasileiros que possuem dinheiro guardado na poupança estão, na verdade, perdendo dinheiro com a aplicação.

No quadro abaixo, é possível conferir os rendimentos diários da poupança, segundo dados divulgados pelo Banco Central.

Data da aplicação Remuneração básica Remuneração adicional Remuneração total
01/03/2023 0,2392 0,5000 0,7404
02/03/2023 0,2118 0,5000 0,7129
03/03/2023 0,1743 0,5000 0,6752
04/03/2023 0,1742 0,5000 0,6751
05/03/2023 0,2114 0,5000 0,7125
06/03/2023 0,2388 0,5000 0,7400
07/03/2023 0,2381 0,5000 0,7393
08/03/2023 0,2087 0,5000 0,7097
09/03/2023 0,1720 0,5000 0,6729
10/03/2023 0,1474 0,5000 0,6481
11/03/2023 0,1445 0,5000 0,6452
12/03/2023 0,1718 0,5000 0,6727
13/03/2023 0,2089 0,5000 0,7099
14/03/2023 0,2064 0,5000 0,7074
15/03/2023 0,2088 0,5000 0,7098
16/03/2023 0,1715 0,5000 0,6724
17/03/2023 0,1445 0,5000 0,6452
18/03/2023 0,1438 0,5000 0,6445
19/03/2023 0,1710 0,5000 0,6719
20/03/2023 0,2082 0,5000 0,7092
21/03/2023 0,2089 0,5000 0,7099
22/03/2023 0,1712 0,5000 0,6721
23/03/2023 0,1454 0,5000 0,6461
24/03/2023 0,1076 0,5000 0,6081
25/03/2023 0,1078 0,5000 0,6083
26/03/2023 0,1451 0,5000 0,6458
27/03/2023 0,1724 0,5000 0,6733
28/03/2023 0,1733 0,5000 0,6742
Rendimento médio da poupança em março 0,6804

Clique aqui para acessar a página do BC com todos os rendimentos das últimas semanas.

Poupança nos últimos 12 meses

Considerando os últimos 12 meses de inflação e de rendimento da poupança, a caderneta ainda possui uma vantagem sobre as altas dos preços pois ela registrou um rendimento de 8,30% ao ano ou cerca de 0,74% ao mês.

Nesse mesmo período, como foi possível ver mais acima na matéria, a inflação acumula uma alta de 4,65%, portanto, bem menor do que o rendimento.

Isso se deve, em grande parte porque nos meses de julho, agosto e setembro de 2022 houve uma queda significativa na inflação que ainda impacta no cálculo geral.

No entanto, se não houve uma diminuição ainda maior da inflação em breve, o rendimento da poupança voltará a perder da inflação.

Veja abaixo o quadro comparativo do rendimento da poupança e alta da inflação nos últimos 12 meses:

Mês Rendimento mensal da poupança Inflação (IPCA)
Março/2023 0,68% 0,71%
Fevereiro/2023 0,58% 0,84%
Janeiro/2023 0,71% 0,53%
Dezembro/2022 0,71% 0,62%
Novembro/2022 0,65% 0,41%
Outubro/2022 0,65% 0,59%
Setembro/2022 0,68% -0,29%
Agosto/2022 0,71% -0,36
Julho/2022 0,70% -0,68
Junho/2022 0,69% 0,67
Maio/2022 0,60% 0,59
Abril/2022 0,55% 1,06