Após três meses consecutivos de queda na inflação, a economia brasileira voltou a registrar uma alta de preços e perda de poder aquisitivo no mês de outubro de 2022. A informação é do Insitituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na manhã dessa quinta-feira, dia 10.

Segundo o instituto, o IPCA teve uma alta de 0,59% ao longo do mês passado. Em parte, já era esperada uma nova alta porque o IPCA-15, que mede a inflação prévia do mês, considerando os primeiros 15 dias, já apontava para uma elevação de 0,16%.

No entanto, nos últimos 15 dias, houve um acréscimo de 0,43 pontos percetuais nesse cálculo. Apenas a fim de registro, nos três meses anteriores, ou seja, julho, agosto e setembro, o IPCA havia ficado negativo (deflação) de -0,68%, -0,36% e -0,29%, respectivamente.

Com o resultado, a inflação acumulada no ano chega a 4,70%. Já nos últimos 12 meses, ficou em 6,47%. Em outubro de 2021, a taxa havia sido de 1,25%.

INPC sobe 0,47% em outubro

Outro dado importante divulgado foi o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para aqueles que recebem menos de 5 salários mínimos por mês, ou seja, os mais pobres e a maioria da população brasileira. E esse índice também subiu, ficando em 0,47% em outubro.

O INPC também é usado como parâmetro para reajuste do salário mínimo, previsto para ser de R$ 1.302 ano que vem, segundo a PLOA.

No ano, esse indicador acumula alta de 4,81% e, nos últimos 12 meses, de 6,46%, abaixo dos 7,19% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2021, a taxa foi de 1,16%.

É interessante ressaltar que no índice INPC, os alimentos foram os que mais pesaram. Eles passaram de queda de 0,51% em setembro para alta de 0,60% em outubro. Ou seja, está mais caro para as famílias mais pobres, se alimentarem.

Mas os preços dos não-alimentícios seguiram o mesmo movimento, e a variação passou de -0,26% em setembro para 0,43% em outubro.

Abaixo, saiba mais detalhes sobre o IPCA, que mede a inflação oficial do país.

Inflação (IPCA) por áreas

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em outubro. A maior contribuição do mês, 0,16 ponto percentual (p.p.), veio de Alimentação e bebidas (0,72%), que havia recuado 0,51% em setembro. O único grupo com queda em outubro foi Comunicação (-0,48%), que contribuiu com -0,03 p.p.

Veja abaixo o quadro com a variação do IPCA por grupos:

Grupo Variação (%) Impacto (p.p.)
Setembro Outubro Setembro Outubro
Índice Geral -0,29 0,59 -0,29 0,59
Alimentação e bebidas -0,51 0,72 -0,11 0,16
Habitação 0,60 0,34 0,09 0,05
Artigos de residência -0,13 0,39 -0,01 0,01
Vestuário 1,77 1,22 0,08 0,06
Transportes -1,98 0,58 -0,41 0,12
Saúde e cuidados pessoais 0,57 1,16 0,07 0,15
Despesas pessoais 0,95 0,57 0,10 0,06
Educação 0,12 0,18 0,01 0,01
Comunicação -2,08 -0,48 -0,11 -0,03

No gráfico abaixo, é possível ver a variação mensal de forma mais clara:

Créditos: Reprodução/IBGE
Créditos: Reprodução/IBGE

Alimentação e bebidas:

O grupo Alimentação e bebidas teve alta de 0,72%, puxado pela alimentação no domicílio (0,80%). Os destaques foram batata-inglesa (23,36%) e tomate (17,63%), que contribuíram conjuntamente com 0,07 p.p. no índice do mês. Houve aumentos, ainda, na cebola (9,31%) e nas frutas (3,56%). No lado das quedas, destacam-se o leite longa vida (-6,32%), que já havia recuado 13,71% em setembro, e o óleo de soja (-2,85%), em sua quinta queda consecutiva.

A variação da alimentação fora do domicílio (0,49%) ficou próxima à do mês anterior (0,47%). Enquanto o lanche desacelerou de 0,74% em setembro para 0,30% em outubro, a refeição seguiu caminho inverso, passando de 0,34% para 0,61%.

Os alimentos estão pesando no bolso dos consumidores. Créditos: Pixabay
Os alimentos estão pesando no bolso dos consumidores. Créditos: Pixabay

Saúde e cuidados pessoais:

Em Saúde e cuidados pessoais (1,16%), as maiores contribuições vieram de higiene pessoal (2,28%) e planos de saúde (1,43%), com impactos de 0,09 p.p. e 0,05 p.p., respectivamente. Entre os itens de higiene pessoal, destacam-se perfumes (5,71%) e artigos de maquiagem (3,90%).

O resultado dos planos de saúde é consequência dos reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos contratados antes da Lei nº 9.656/98 (planos antigos), com vigência retroativa a partir de julho. Em outubro, foram apropriadas as frações mensais dos planos antigos relativas aos meses de julho, agosto, setembro e outubro.

Transportes

Os Transportes passaram de -1,98% em setembro para alta de 0,58% em outubro. O recuo dos combustíveis (-1,27%) foi menos intenso que no mês anterior (-8,50%). Gasolina (-1,56%), óleo diesel (-2,19%) e gás veicular (-1,21%) seguiram em queda, enquanto o etanol registrou alta de 1,34%. Além disso, houve aumento expressivo nos preços das passagens aéreas (27,38%), maior contribuição individual no IPCA de outubro (0,16 p.p.).

Já os preços dos transportes por aplicativo, que haviam subido 6,14% em setembro, caíram 3,13% em outubro. O subitem ônibus urbano (-0,23%) seguiu em queda, refletindo redução de preços das passagens aos domingos em Salvador (-2,99%), válida desde 11 de setembro.

Vestuário

O resultado do grupo Vestuário (1,22%) foi influenciado pelas altas nos preços das roupas masculinas (1,70%) e das roupas femininas (1,19%). Nos últimos 12 meses, a variação acumulada do grupo foi de 18,48%, a maior entre os nove grupos que compõem o IPCA.

Habitação

O grupo Habitação (0,34%) desacelerou em relação a setembro (0,60%), devido à queda do gás de botijão (-0,67%), cujos preços haviam subido 0,92% no mês anterior, e à desaceleração da energia elétrica (0,30%) frente a setembro (0,78%).

As variações do subitem energia elétrica ficaram entre -9,88% em Curitiba e 13,03% em São Luís. Em São Paulo (-0,17%), houve reajuste de 2,07% em uma das concessionárias, a partir de 23 de outubro e, em Goiânia (-0,72%), houve reajuste de 5,35% nas tarifas a partir de 22 de outubro. Apesar dos reajustes, o resultado de ambas as áreas ficou negativo por conta de reduções de PIS/COFINS.

Ainda em Habitação, a alta na taxa de água e esgoto (0,74%) decorre do reajuste médio de 13,22% nas tarifas de uma das concessionárias de Porto Alegre (6,40%), desde 29 de setembro.

Comunicação

O resultado de Comunicação (-0,48%) foi puxado para baixo pelo subitem plano de telefonia móvel (-2,05%), que contribuiu individualmente com -0,03 p.p. no índice do mês. A queda do grupo, no entanto, foi menos intensa que a observada em setembro (-2,08%).

Inflação por regiões

Quanto aos índices regionais, todas as áreas tiveram variação positiva em outubro. A maior variação ocorreu em Recife (0,95%), por conta das altas da energia elétrica (9,66%) e das passagens aéreas (47,37%). Já o menor índice foi registrado em Curitiba (0,20%), por conta dos recuos nos preços da energia elétrica (-9,88%) e da gasolina (-2,40%).

Recife, capital do estado do Pernambuco. Créditos: Pixabay
Recife, capital do estado do Pernambuco. Créditos: Pixabay

Veja o quadro abaixo:

Região Peso Regional (%) Variação (%) Variação Acumulada (%)
Setembro Outubro Ano 12 meses
Recife 3,92 -0,43 0,95 4,47 6,64
Brasília 4,06 -0,26 0,87 4,65 6,23
Porto Alegre 8,61 -0,46 0,76 2,61 4,46
São Luís 1,62 -0,15 0,71 4,68 6,42
São Paulo 32,28 -0,32 0,66 5,53 7,18
Fortaleza 3,23 -0,65 0,61 4,82 6,52
Salvador 5,99 -0,32 0,61 5,61 8,21
Vitória 1,86 0,17 0,60 4,26 6,09
Aracaju 1,03 -0,12 0,58 5,21 7,15
Belo Horizonte 9,69 -0,35 0,54 3,34 5,07
Goiânia 4,17 -0,31 0,53 3,22 5,26
Belém 3,94 -0,01 0,51 4,36 5,31
Campo Grande 1,57 -0,22 0,47 4,49 6,52
Rio Branco 0,51 -0,09 0,44 4,20 6,30
Rio de Janeiro 9,43 -0,11 0,41 5,93 7,62
Curitiba 8,09 -0,16 0,20 4,23 5,88
Brasil 100,00 -0,29 0,59 4,70 6,47