Após três meses consecutivos de queda na inflação, a economia brasileira voltou a registrar uma alta de preços e perda de poder aquisitivo no mês de outubro de 2022. A informação é do Insitituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na manhã dessa quinta-feira, dia 10.
Segundo o instituto, o IPCA teve uma alta de 0,59% ao longo do mês passado. Em parte, já era esperada uma nova alta porque o IPCA-15, que mede a inflação prévia do mês, considerando os primeiros 15 dias, já apontava para uma elevação de 0,16%.
No entanto, nos últimos 15 dias, houve um acréscimo de 0,43 pontos percetuais nesse cálculo. Apenas a fim de registro, nos três meses anteriores, ou seja, julho, agosto e setembro, o IPCA havia ficado negativo (deflação) de -0,68%, -0,36% e -0,29%, respectivamente.
INPC sobe 0,47% em outubro
Outro dado importante divulgado foi o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para aqueles que recebem menos de 5 salários mínimos por mês, ou seja, os mais pobres e a maioria da população brasileira. E esse índice também subiu, ficando em 0,47% em outubro.
O INPC também é usado como parâmetro para reajuste do salário mínimo, previsto para ser de R$ 1.302 ano que vem, segundo a PLOA.
É interessante ressaltar que no índice INPC, os alimentos foram os que mais pesaram. Eles passaram de queda de 0,51% em setembro para alta de 0,60% em outubro. Ou seja, está mais caro para as famílias mais pobres, se alimentarem.
Mas os preços dos não-alimentícios seguiram o mesmo movimento, e a variação passou de -0,26% em setembro para 0,43% em outubro.
Abaixo, saiba mais detalhes sobre o IPCA, que mede a inflação oficial do país.
Inflação (IPCA) por áreas
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em outubro. A maior contribuição do mês, 0,16 ponto percentual (p.p.), veio de Alimentação e bebidas (0,72%), que havia recuado 0,51% em setembro. O único grupo com queda em outubro foi Comunicação (-0,48%), que contribuiu com -0,03 p.p.
Veja abaixo o quadro com a variação do IPCA por grupos:
Grupo | Variação (%) | Impacto (p.p.) | ||
---|---|---|---|---|
Setembro | Outubro | Setembro | Outubro | |
Índice Geral | -0,29 | 0,59 | -0,29 | 0,59 |
Alimentação e bebidas | -0,51 | 0,72 | -0,11 | 0,16 |
Habitação | 0,60 | 0,34 | 0,09 | 0,05 |
Artigos de residência | -0,13 | 0,39 | -0,01 | 0,01 |
Vestuário | 1,77 | 1,22 | 0,08 | 0,06 |
Transportes | -1,98 | 0,58 | -0,41 | 0,12 |
Saúde e cuidados pessoais | 0,57 | 1,16 | 0,07 | 0,15 |
Despesas pessoais | 0,95 | 0,57 | 0,10 | 0,06 |
Educação | 0,12 | 0,18 | 0,01 | 0,01 |
Comunicação | -2,08 | -0,48 | -0,11 | -0,03 |
No gráfico abaixo, é possível ver a variação mensal de forma mais clara:
Alimentação e bebidas:
O grupo Alimentação e bebidas teve alta de 0,72%, puxado pela alimentação no domicílio (0,80%). Os destaques foram batata-inglesa (23,36%) e tomate (17,63%), que contribuíram conjuntamente com 0,07 p.p. no índice do mês. Houve aumentos, ainda, na cebola (9,31%) e nas frutas (3,56%). No lado das quedas, destacam-se o leite longa vida (-6,32%), que já havia recuado 13,71% em setembro, e o óleo de soja (-2,85%), em sua quinta queda consecutiva.
A variação da alimentação fora do domicílio (0,49%) ficou próxima à do mês anterior (0,47%). Enquanto o lanche desacelerou de 0,74% em setembro para 0,30% em outubro, a refeição seguiu caminho inverso, passando de 0,34% para 0,61%.
Saúde e cuidados pessoais:
Em Saúde e cuidados pessoais (1,16%), as maiores contribuições vieram de higiene pessoal (2,28%) e planos de saúde (1,43%), com impactos de 0,09 p.p. e 0,05 p.p., respectivamente. Entre os itens de higiene pessoal, destacam-se perfumes (5,71%) e artigos de maquiagem (3,90%).
O resultado dos planos de saúde é consequência dos reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos contratados antes da Lei nº 9.656/98 (planos antigos), com vigência retroativa a partir de julho. Em outubro, foram apropriadas as frações mensais dos planos antigos relativas aos meses de julho, agosto, setembro e outubro.
Transportes
Os Transportes passaram de -1,98% em setembro para alta de 0,58% em outubro. O recuo dos combustíveis (-1,27%) foi menos intenso que no mês anterior (-8,50%). Gasolina (-1,56%), óleo diesel (-2,19%) e gás veicular (-1,21%) seguiram em queda, enquanto o etanol registrou alta de 1,34%. Além disso, houve aumento expressivo nos preços das passagens aéreas (27,38%), maior contribuição individual no IPCA de outubro (0,16 p.p.).
Já os preços dos transportes por aplicativo, que haviam subido 6,14% em setembro, caíram 3,13% em outubro. O subitem ônibus urbano (-0,23%) seguiu em queda, refletindo redução de preços das passagens aos domingos em Salvador (-2,99%), válida desde 11 de setembro.
Vestuário
O resultado do grupo Vestuário (1,22%) foi influenciado pelas altas nos preços das roupas masculinas (1,70%) e das roupas femininas (1,19%). Nos últimos 12 meses, a variação acumulada do grupo foi de 18,48%, a maior entre os nove grupos que compõem o IPCA.
Habitação
O grupo Habitação (0,34%) desacelerou em relação a setembro (0,60%), devido à queda do gás de botijão (-0,67%), cujos preços haviam subido 0,92% no mês anterior, e à desaceleração da energia elétrica (0,30%) frente a setembro (0,78%).
As variações do subitem energia elétrica ficaram entre -9,88% em Curitiba e 13,03% em São Luís. Em São Paulo (-0,17%), houve reajuste de 2,07% em uma das concessionárias, a partir de 23 de outubro e, em Goiânia (-0,72%), houve reajuste de 5,35% nas tarifas a partir de 22 de outubro. Apesar dos reajustes, o resultado de ambas as áreas ficou negativo por conta de reduções de PIS/COFINS.
Ainda em Habitação, a alta na taxa de água e esgoto (0,74%) decorre do reajuste médio de 13,22% nas tarifas de uma das concessionárias de Porto Alegre (6,40%), desde 29 de setembro.
Comunicação
O resultado de Comunicação (-0,48%) foi puxado para baixo pelo subitem plano de telefonia móvel (-2,05%), que contribuiu individualmente com -0,03 p.p. no índice do mês. A queda do grupo, no entanto, foi menos intensa que a observada em setembro (-2,08%).
Inflação por regiões
Quanto aos índices regionais, todas as áreas tiveram variação positiva em outubro. A maior variação ocorreu em Recife (0,95%), por conta das altas da energia elétrica (9,66%) e das passagens aéreas (47,37%). Já o menor índice foi registrado em Curitiba (0,20%), por conta dos recuos nos preços da energia elétrica (-9,88%) e da gasolina (-2,40%).
Veja o quadro abaixo:
Região | Peso Regional (%) | Variação (%) | Variação Acumulada (%) | ||
---|---|---|---|---|---|
Setembro | Outubro | Ano | 12 meses | ||
Recife | 3,92 | -0,43 | 0,95 | 4,47 | 6,64 |
Brasília | 4,06 | -0,26 | 0,87 | 4,65 | 6,23 |
Porto Alegre | 8,61 | -0,46 | 0,76 | 2,61 | 4,46 |
São Luís | 1,62 | -0,15 | 0,71 | 4,68 | 6,42 |
São Paulo | 32,28 | -0,32 | 0,66 | 5,53 | 7,18 |
Fortaleza | 3,23 | -0,65 | 0,61 | 4,82 | 6,52 |
Salvador | 5,99 | -0,32 | 0,61 | 5,61 | 8,21 |
Vitória | 1,86 | 0,17 | 0,60 | 4,26 | 6,09 |
Aracaju | 1,03 | -0,12 | 0,58 | 5,21 | 7,15 |
Belo Horizonte | 9,69 | -0,35 | 0,54 | 3,34 | 5,07 |
Goiânia | 4,17 | -0,31 | 0,53 | 3,22 | 5,26 |
Belém | 3,94 | -0,01 | 0,51 | 4,36 | 5,31 |
Campo Grande | 1,57 | -0,22 | 0,47 | 4,49 | 6,52 |
Rio Branco | 0,51 | -0,09 | 0,44 | 4,20 | 6,30 |
Rio de Janeiro | 9,43 | -0,11 | 0,41 | 5,93 | 7,62 |
Curitiba | 8,09 | -0,16 | 0,20 | 4,23 | 5,88 |
Brasil | 100,00 | -0,29 | 0,59 | 4,70 | 6,47 |
Qual foi a inflação oficial do mês de outubro de 2022?
A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,59%
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