O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, desacelerou em março e atingiu uma alta de 0,71%, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A taxa é menor do que a registrada em fevereiro deste ano, quando o IPCA ficou em 0,84%. Já o IPCA de março do ano passado chegou a 1,62%. No ano, a inflação oficial acumula alta de 2,09%, e, nos últimos 12 meses é de 4,65%, menor do que os 5,60% registrados no período anterior.

O maior impacto no índice de março foi do grupo de Transportes, de 0,43%. Segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a gasolina teve um aumento de 8,33% em março, representando o maior impacto individual no índice e contribuindo com 0,39 pontos percentuais para a alta geral. Já o etanol apresentou um avanço de 3,20%. Ambos os combustíveis tiveram um grande peso no comportamento do grupo de Transportes.

Mesmo somando 2,09% nos 3 primeiros meses do ano, a inflação ainda precisa desacelerar mais para ficar dentro da meta. Se o índice se mantiver dessa forma, ela deve encerrar o ano na casa dos 8%.

O maior desafio do governo será nos meses de julho, agosto e setembro deste ano, quando no ano passado houve deflação.

Meses IPCA de 2022 IPCA de 2023
Janeiro 0,54 0,53
Fevereiro 1,01 0,84
Março 1,62 0,71
Abril 1,06 -
Maio 0,47 -
Junho 0,67 -
Julho -0,68 -
Agosto -0,36 -
Setembro -0,29 -
Outubro 0,59 -
Novembro 0,41 -
Dezembro 0,62 -
Acumulado no ano 5,79 2,09

Elevação nos combustíveis

O retorno da cobrança dos impostos federais no início do mês foi o principal motivo para a elevação da gasolina e do etanol em março. Ele explicou que a medida foi estabelecida pela Medida Provisória nº 1157/2023, que previa o retorno da cobrança de PIS/Cofins sobre esses combustíveis a partir de 1º de março.

Um novo aumento do imposto, que foi então escalonado, ocorrerá em julho deste ano, mês que no ano passado registrou deflação de -0,68%. Esse será então um mês crucial para o governo conseguir tentar manter a inflação dentro da meta, de 4,5% para este ano.

No grupo de Transportes, além da alta da gasolina e do etanol, houve queda de 2,61% no preço do gás veicular e de 3,71% no óleo diesel. As passagens aéreas, que haviam apresentado queda de 9,38% em fevereiro, caíram 5,32% desta vez.

O índice de Transportes também foi influenciado pelos reajustes nas tarifas de táxi em Belo Horizonte, em ônibus intermunicipal na região metropolitana do Rio de Janeiro, além de ônibus urbano em quatro áreas de abrangência do índice.

Inflação nos outros grupos

O grupo de Saúde e Cuidados Pessoais (0,82%) e Habitação (0,57%) ficaram na sequência de altas em relação a fevereiro, porém apresentaram desaceleração em março, contribuindo com 0,11 pontos percentuais e 0,09 pontos percentuais, respectivamente.

O avanço no grupo de Saúde e Cuidados Pessoais foi impulsionado principalmente pelo aumento de 1,20% no preço dos planos de saúde, que ainda estão incorporando as frações mensais dos planos novos e antigos referentes ao ciclo de 2022-2023. Já no grupo de Habitação, a energia elétrica residencial teve o maior impacto (0,09 pontos percentuais), com alta de 2,23%.

Por outro lado, a queda nos preços dos alimentos para consumo no domicílio, saindo de uma alta de 0,04% em fevereiro para uma queda de -0,14% em março, foi a causa do aumento de 0,05% no grupo de Alimentação e Bebidas.

O grupo de Comunicação também teve um aumento de 0,50%. Já o grupo de Artigos de Residência, que havia apresentado uma alta de 0,11% em fevereiro, registrou uma queda de 0,27% em março, sendo o único grupo pesquisado a apresentar queda neste mês.

As variações negativas nos preços de televisão, som e informática (-1,77%) foram as principais responsáveis pelo comportamento do grupo de Artigos de Residência em março. Segundo o analista, as promoções realizadas durante a semana do consumidor, que ocorreu em março, podem ter influenciado essas variações negativas.

IPCA por região

Todas as regiões do país registraram avanço no índice de preços em março, com destaque para Porto Alegre, que apresentou a maior variação (1,25%). A elevação foi impulsionada pelas altas expressivas da gasolina (10,63%) e da energia elétrica residencial (9,79%). Por outro lado, a menor variação foi observada em Fortaleza, com alta de 0,35%, influenciada pelas quedas no preço do tomate (-17,94%) e no frango inteiro (-2,91%).

Segundo informações do IBGE, o IPCA é obtido a partir da coleta de preços realizada junto a famílias residentes em áreas urbanas com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos. A pesquisa é feita nas regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Vitória, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, além do Distrito Federal e nos municípios de Goiânia, Campo Grande, Rio Branco, São Luís e Aracaju.

A tabela completa pode ser conferida no site do IBGE