Neste ano, a parcela de pessoas que está inadimplente na praça e acredita que não conseguirá pagar suas contas teve um salto astronômico.

No ano passado, 5% dos endividados acreditavam ou tinham certeza que não iriam conseguir quitar suas contas. Porém, agora em 2022, essa parcela aumentou para 17% dos cidadãos que estão com o nome restrito. O estudo foi realizado pelo Instituto Locomovida, em parceria com a MFM Tecnologia.

Causa do pessimismo dos devedores

Esse pessimismo dos devedores com suas dívidas está relacionado ao avanço do endividamento no país, somando ao fato das pessoas não terem mais ânimo para sair do vermelho, comparado ao ano passado.

De acordo com João Paulo de Resende Cunha, diretor de pesquisas do Instituto Locomotiva, isso ocorreu porque na época, as pessoas estavam com mais esperança que o fim da pandemia estivesse próximo, fazendo com que a expectativa de melhoria da vida financeira aumentasse.

Porém, a fraca e demorada melhora da atividade econômica e do mercado de trabalho acaba gerando muitas dúvidas de quando tudo irá melhorar. "Identificamos neste ano uma certa frustração. A pandemia ficou para trás, mas a vida financeira não melhorou da maneira que as pessoas imaginavam que melhoraria", afirmou Cunha.

Inadimplência bate recorde

A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) divulgou uma pesquisa no início do mês de novembro mostrando que o volume de famílias com contas atrasadas no país retornou em outubro, atingindo a maior taxa anual nos últimos seis anos.

De acordo com o levantamento, a proporção de endividados chegou a bater a marca de 79,2% no mês de outubro de 2022. No mesmo mês do ano passado, esta taxa estava em 74,6%. Por outro lado, na relação mensal, ocorreu uma queda de 0,1 ponto.

Educadores financeiros alertam sobre o 13º salário

Devido ao recorde de inadimplentes no país, educadores financeiros alertam para o uso correto do décimo terceiro salário.

Segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), serão 85,5 milhões de brasileiros que receberão os valores no final do ano, o que equivale a quase R$ 250 bilhões que devem ser injetados na economia até dezembro.

Com isso, é preciso estar atento com o que fazer com esses valores, ainda mais que a grande parcela da população está inadimplente, sendo 68 milhões de pessoas, somando quase 30% dos brasileiros.

Para Carlos Primo Braga, professor da Fundação Dom Cabral, a decisão mais correta para a utilização do 13º salário é a quitação de dívidas num primeiro momento, evitando o pagamento de juros que acabam aumentando ainda mais o valor a quitar no futuro.