Nos últimos dias, uma das notícias que chamou a atenção do Brasil e do mundo foi o anúncio de que a ex-presidenta Dilma Rousseff assumiria o Banco do Brics. Para isso, ela iria para a China e passaria a ganhar um salário de R$ 295 mil mensais.
No entanto, para muitos brasileiros o Banco do Brics é uma novidade. Criado em 2015, até então pouco se ouviu falar sobre ele fora da bolha econômica e é natural que fique o questionamento: afinal, o que é o Banco do Brics?
Se você também quer saber um pouco mais sobre ele, continue a leitura.
O que é o Banco do Brics?
Seu nome original é New Development Bank (NDB), no entanto, ele se popularizou como Banco do Brics, porque foi criado pelos membros do grupo chamado Brics: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O banco foi criado em 2015 sua instituição vinha sendo discutida desde 2012, quando Dilma ainda era presidenta do Brasil. Na época, os países eram conhecidos como economias emergentes e buscavam alternativas para o financiamento de projetos de infraestrutura fora do círculo considerado convencional composto por organismos como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial.
Depois de discussões e acordos, o capital inicial do banco foi composto por aportes feitos pelos países-membros do banco. Sua sede ficou estabelecida na cidade chinesa de Xangai, um dos principais polos econômicos emergentes do mundo.
Desde então, o organismo é comandado por executivos indicados por cada um dos países-membros e a presidência vem sendo do tipo rotativa - a cada cinco anos um país indica um novo nome para comandar a instituição.
Desde 2016, o banco vem ampliando seus membros. Atualmente, além do Brics, também fazem parte da instituição os Emirados Árabes Unidos, Bangladesh e Egito. E mais recentemente a adesão do Uruguai também foi aprovada.
Atualmente, de acordo com os relatórios divulgados, o Banco do Brics soma um total de US$ 30 bilhões em financiamentos aprovados desde sua criação. Desse total, US$ 14,6 bilhões já foram desembolsados.
Empréstimos já feitos pelo Banco do Brics
A principal área de atuação do banco é o financiamento de projetos voltados para obras de infraestrutura, saneamento, energia limpa e eficiência energética, infraestrutura digital e social.
E desde a criação do Banco do Brics, o Brasil já teve projetos aprovados no valor de US$ 5,6 bilhões. Entre esses projetos estão o de expansão da rede de água e esgoto de Pernambuco, obras para mobilidade urbana em Sorocaba (SP) e melhorias no sistema de transportes urbanos de Curitiba.
No entanto, China e Índia lideram o ranking de aprovações com US$ 7,4 bilhões e US$ 7 bilhões em projetos aprovados, respectivamente.
Dilma assume o Brics
Dilma Rousseff começou a comandar nesta terça-feira, 28 de março, o NDB. A posse estava prevista para acontecer na presença de Luiz Inácio Lula da Silva, que tinha viagem agendada para a China no último domingo, dia 26, no entanto, por questões de saúde do atual presidente, a viagem foi adiada.
Ainda assim a posse de Dilma aconteceu como o previsto. No perfil oficial da instituição financeira no Twitter houve a divulgou as primeiras imagens de Dilma na função de presidenta do banco, que tem sede em Xangai, na China. Veja abaixo:
H.E. Mrs. Dilma Rousseff, the NDB newly elected President, has started her first day in office in the NDB Headquarters in Shanghai, China. pic.twitter.com/JOLblXhhzQ
— New Development Bank (@NDB_int) March 28, 2023
O Banco também se pronunciou por meio de uma nota dizendo:
"Como presidente do Brasil, Dilma Rousseff concentrou sua agenda em assegurar a estabilidade econômica do país e a criação de empregos. Além disso, durante seu governo, a luta contra a pobreza teve prioridade, e os programas sociais iniciados sob os mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram expandidos e reconhecidos internacionalmente. Como resultado de um dos mais extensos processos de redução de pobreza da história do país, o Brasil foi removido do Mapa da Fome das Nações Unidas"
Dilma fica até 2025
Dilma vai substituir outro brasileiro, o diplomata Marcos Troyjo, que havia sido indicado em 2020 pelo então ministro da Economia do Brasil Paulo Guedes. Portanto, seu mandato será mais curto já que ela apenas finaliza o mandato dele. Ela fica no cargo até 2025.
Ou seja, pela regra de rotatividade, a presidência do organismo deveria ficar com um indicado pelo Brasil até 2025, mas como Troyjo havia sido um nome apontado pelo governo anterior, o consenso foi de que Lula poderia indicar um novo nome.
Assim, a chegada de Dilma à presidência do Banco do Brics foi articulada pelo governo do presidente Lula, e Marcos Troyjo anunciou, no início de março, que renunciaria tranquilamente ao cargo, abrindo caminho para que Dilma pudesse ser indicada à presidência.
Na eleição que definiu Dilma como nova presidente do banco, não houve nenhuma outra candidatura e Lula já vinha falando de sua indicação há algumas semanas. "Se ela for presidente do banco dos Brics, será uma coisa maravilhosa para os Brics, sabe, será uma coisa maravilhosa para o Brasil", disse o presidente em entrevista concedida à CNN ainda em fevereiro.
Segundo especialistas, entre os principais papeis de Dilma no comando do Banco do Brics estará o de ampliar a inserção internacional na instituição. Mas acredita-se também que ela terá como desafio impulsionar projetos ligados ao meio ambiente e driblar o impacto geopolítico das retaliações ocidentais à Rússia, um dos sócios-fundadores.
Dilma no governo Lula
Desde que Lula assumiu o comando do país, havia especulações a respeito do cargo que seria dado à ex-presidenta, já que a relação entre Lula e Dilma sempre foi estreita e de apoio mútuo.
Acreditou-se, em determinado momento, que Dilma poderia assumir alguma embaixada, no entanto, havia o temor de que seu nome pudesse enfrentar resistências durante a sabatina e a votação no Senado, que é necessária para chancelar a indicação presidencial.
Dilma Rousseff foi ministra nos dois primeiros governos do presidente Lula e em 2010, com o apoio do petista, ela foi eleita a primeira mulher presidente do Brasil. Em 2014, ela chegou a ser reeleita, vencendo a disputa contra o então senador Aécio Neves (PSDB).
Dois anos depois, porém, em 2016, pressionada por uma crise econômica e pelas investigações da Operação Lava Jato, Dilma foi afastada da presidência durante o um processo de impeachment defendido por muitos como um golpe político.
Ela foi a segunda presidente da República no Brasil afastada por impeachment. O primeiro foi o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB).
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