Os medicamentos na região metropolitana de São Paulo tiveram um aumento de preço, de acordo com um levantamento realizado pela Precifica, empresa especializada em estratégias de precificação. O Índice de Preços de Medicamentos no e-commerce (IPM-Com) registrou um aumento de 6,6% em maio em relação a abril.

O estudo abrange os medicamentos mais procurados, pertencentes a nove grupos diferentes e vendidos por seis grandes redes farmacêuticas que atuam no e-commerce. Destaca-se o aumento significativo nos preços dos antigripais, que tiveram um aumento de 21,76% em maio, após uma queda de 14,36% no mês anterior.

Em seguida, os antialérgicos apresentaram um aumento de 13,18%, seguidos pelos anticoncepcionais com 7,31%. O único grupo que registrou uma queda no período foi o de antiparasitas, com uma redução de 34,04%.

Fatores no aumento dos preços

O presidente da Precifica, Ricardo Ramos, aponta alguns fatores que explicam o aumento dos preços dos medicamentos, incluindo:

  • Ajuste de preços: No final de março, foi autorizado um reajuste de preços pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), com base na inflação acumulada entre março de 2022 e fevereiro de 2023 (5,6%). Esse ajuste pode refletir nos meses seguintes, considerando a renovação de estoques;
  • Mudança no clima e maior incidência de chuvas: Esses fatores podem impactar a produção de matérias-primas utilizadas na fabricação de medicamentos, afetando os custos e, consequentemente, os preços;
  • Repasse de preços das fábricas: As fábricas também podem repassar aumentos de custos, como matéria-prima, mão de obra e transporte, para os preços dos medicamentos.

De acordo com a Precifica, embora o percentual de ajuste de preços seja diferente do índice de inflação divulgado pelo IBGE, ambos seguem a mesma tendência de alta. É importante destacar que o setor de "Saúde e cuidados pessoais" teve a maior alta no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos meses, refletindo a importância desses produtos.

Ramos ressalta que a essencialidade dos medicamentos também contribui para a tendência de alta nos preços. Em situações de aperto financeiro, as famílias dificilmente reduzem o consumo de medicamentos, especialmente os de uso contínuo, como antidiabéticos e anti-hipertensivos. Em maio, os preços desses grupos apresentaram aumentos de 2,09% e 6,58%, respectivamente.

De acordo com Ricardo Ramos, há outros fatores que explicam o aumento dos preços dos medicamentos na região. No mês de abril, São Paulo registrou um volume de chuvas acima da média histórica. Esse aumento da incidência de chuvas pode ter impulsionado a demanda por medicamentos antigripais em maio, como detectado pelo IPM-COM.

Outro fator relevante é o repasse de preços realizado pelas fábricas. O Índice de Preços ao Produtor (IPP) apontou um aumento de 3,97% na categoria "fabricação de produtos farmoquímicos e produtos farmacêuticos". Essa alta pode refletir o repasse dos custos de produção para os consumidores.

Ramos destaca que os preços dos medicamentos podem variar entre diferentes regiões dentro da mesma cidade. Diversos fatores influenciam essa variação, como mudanças climáticas, questões sanitárias, tempo de entrega e acesso a redes hospitalares públicas. As empresas utilizam a precificação regional para considerar esses fatores, resultando em variações de preço do mesmo medicamento de acordo com o local, data e até mesmo horário da compra.