O Brasil registrou em Julho uma diminuição no valor da cesta básica de alimentos em 13 das 17 cidades onde o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza regularmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos.

Ainda, o órgão estimou que o salário mínimo necessário para suprir as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.528,93 em Julho. Essa estimativa leva em consideração os gastos essenciais, como alimentação, moradia, saúde, educação, transporte, vestuário e outros itens básicos.

A discrepância entre o salário mínimo atual e o valor necessário para atender às despesas básicas reflete a realidade do custo de vida no país. Além disso, é válido mencionar que o valor do salário mínimo necessário pode variar de acordo com a região e os hábitos de consumo da família.

Cesta básica nas capitais

Entre junho e julho de 2023, houve queda no valor da cesta básica em Recife (-4,58%), Campo Grande (-4,37%), João Pessoa (-3,90%) e Aracaju (-3,51%). Em contrapartida, foi registrada uma variação positiva em Porto Alegre (0,47%), enquanto as demais cidades, como Salvador (0,03%), Brasília (0,04%) e Fortaleza (0,05%), exibiram estabilidade.

  • Porto Alegre liderou a lista das capitais com o maior custo para a cesta básica (R$ 777,16), seguida por São Paulo (R$ 769,95), Florianópolis (R$ 746,66) e Rio de Janeiro (R$ 738,12).
  • Nas regiões Norte e Nordeste, onde a composição da cesta difere, os valores médios mais baixos foram observados em Aracaju (R$ 547,22), João Pessoa (R$ 581,31), Recife (R$ 592,71) e Salvador (R$ 596,04).

Analisando a variação dos preços da cesta entre julho de 2022 e julho de 2023, percebe-se que 11 capitais apresentaram aumento, com variações de 0,11% em Belo Horizonte a 4,44% em Natal. Por outro lado, seis cidades viram os preços caírem, com destaque para as variações negativas em Recife (-3,88%), Vitória (-3,74%) e Brasília (-2,32%).

No decorrer dos primeiros sete meses de 2023, o custo da cesta básica diminuiu em nove cidades, com quedas mais significativas em Vitória (-7,44%), Goiânia (-6,66%), Belo Horizonte (-6,25%) e Campo Grande (-6,17%). As altas variaram entre 1,15% em Fortaleza e 5,02% em Aracaju.

Salário mínimo não é suficiente

Levando em consideração a cesta de maior custo, na qual foi em Porto Alegre no mês de julho, e observando o princípio constitucional de que o salário mínimo tem como objetivo atender às necessidades financeiras de um trabalhador e sua família, incluindo alimentação, habitação, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE realiza mensalmente o cálculo do valor do salário mínimo essencial.

Em julho de 2023, o salário mínimo necessário para uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.528,93 ou 4,95 vezes o valor mínimo de R$ 1.320,00. Em junho, o valor necessário era de R$ 6.578,41, correspondendo a 4,98 vezes o salário mínimo. Em julho de 2022, o valor necessário seria de R$ 6.388,55, ou 5,27 vezes o valor vigente na época, que era de R$ 1.212,00.

Veja abaixo a tabela dos valores da cesta básica nas 17 capitais brasileiras em julho de 2023:

Créditos: Divulgação/Dieese

Relação Cesta x Salário Mínimo

A média de tempo requerido para adquirir os itens da cesta básica apresentou uma redução, passando de 113 horas e 19 minutos em junho para 111 horas e 08 minutos em julho de 2023. No mesmo mês do ano anterior, a média era de 120 horas e 37 minutos.

Ao avaliarmos o custo da cesta em relação ao salário mínimo líquido, descontando 7,5% correspondente à Previdência Social, torna-se evidente que, em média, durante julho de 2023, o trabalhador que recebe o salário mínimo nacional destinou 54,61% de seu rendimento líquido para aquisição dos produtos alimentícios essenciais. Em junho, esse percentual foi de 55,63%. No mesmo mês de 2022, essa parcela atingiu 59,27%.

A Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA) é um estudo contínuo que monitora os preços de um conjunto essencial de produtos alimentícios. A PNCBA teve sua primeira instauração na cidade de São Paulo no ano de 1959, utilizando as informações reunidas para a elaboração do Índice de Custo de Vida (ICV). Com o passar dos anos, sua abrangência foi expandida para diversas outras capitais do país. Atualmente, essa pesquisa abrange 17 Unidades da Federação e possibilita a análise dos custos dos principais alimentos básicos consumidos pelos brasileiros.

A cesta básica de alimentos é composta por 13 itens em quantidades suficientes para prover o sustento e o bem-estar de um trabalhador adulto durante um mês. As especificações e quantidades dos produtos variam de acordo com a região, considerando os hábitos alimentares locais.

O banco de informações da PNCBA disponibiliza os preços médios, o custo total da cesta e a quantidade de horas de trabalho necessárias para que um trabalhador possa adquirir os itens em todas as capitais.