Nessa terça-feira, 6 de dezembro, terá início em Brasília na sede do Banco Central, a 8ª e última reunião de 2022 do Comitê de Política Monetária (Copom). O órgão, entre outras atribuições, é o responsável por controlar a taxa básica de juros da economia brasileira - Taxa Selic - e também a inflação.

As reuniões do Copom acontecem a cada 45 dias, em média, e duram dois dias, de terça a quarta. No primeiro deles é estudada a situação econômica atual do país, e no segundo dia as decisões são tomadas. A principal delas é sobre a Taxa Selic.

Ao longo de 2021 e de 2022 - até agosto, pelo menos - a Taxa Selic vinha sendo elevada numa tentativa de controlar a inflação no país. Foram, ao total, 11,75 pontos percentuais de alta em pouco mais de um ano. De agosto pra cá, porém, o Copom vem mantendo a Selic em 13,75% ao ano.

Mas e agora, qual é a perspectiva para essa reunião que inicia hoje? Entenda abaixo. Veja também o que é a Selic e qual a sua importância.

A Taxa Selic

Selic é a abreviação de Sistema Especial de Liquidação e Custódia. Essa é, como dito acima, a taxa básica de juros da economia brasileira e sua importância está no fato de que ela serve de base para o cálculo de todos os demais juros do país, como os de financiamentos, empréstimos, bem como a rentablidade de alguns tipos de investimentos.

Ela é revisada a cada 45 dias, sempre nas reuniões do Copom e é o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Mas afinal, como isso acontece?

A resposta é mais simples do que pode parecer num primeiro momento: quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. O lado ruim é que desse modo as taxas mais altas podem dificultar a recuperação da economia.

Por outro lado, quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Isso aconteceu ao longo de 2020 quando a Selic chegou a ser definida em 2% ao ano, patamar mais baixo de sua história desde o início da série histórica, em 1996.

Veja abaixo o histórico mais recente da Taxa Selic:

Últimos ajustes da Taxa Selic
Reunião do Copom SELIC - % a.a. Ajuste
26/10/2022 13,75 -
21/09/2022 13,75 -
03/08/2022 13,75 + 0,50
15/06/2022 13,25 + 0,50
04/05/2022 12,75 + 1,00
16/03/2022 11,75 + 1,00
02/02/2022 10,75 +1,50
08/12/2021 9,25 +1,50
27/10/2021 7,75 +1,50
22/09/2021 6,25 + 1,00
04/08/2021 5,25 +1,00
16/06/2021 4,25 +0,75
05/05/2021 3,50 +0,75
17/03/2021 2,75 +0,75
20/01/2021 2,00 -
09/12/2020 2,00 -
Créditos: Banco Central/Poupar Dinheiro
Curiosidade: a Taxa Selic mais alta já registrada no Brasil foi de 45% ao ano, em março de 1999. A mais baixa foi entre setembro de 2020 e março de 2021, quando a taxa foi mantida em 2%.

Quais as perspectivas do mercado?

De uma forma geral, a expectativa do mercado para o encontro dessa semana é de manutenção da Selic em 13,75% ao ano, com cerca de 98% de probabilidade de que isso ocorra.

Essa crença tem como base os contratos de opção de Copom negociados na B3 na última sexta-feira, 2 de dezembro, e também as informações divulgadas no Boletim Focus do Banco Central, revisado todas as semanas.

O boletim focus dessa segunda-feira, dia 5 de dezembro, apontava para as seguintes perspectivas:

  • Selic: 13,75% ao ano;
  • Inflação (IPCA): 5,92% ante 5,91% no relatório anterior;
  • PIB Total (variação sobre o ano anterior): 3,05% ante 2,81%;
  • Câmbio (Dólar): R$ 5,27 ante R$ 5,25;
  • IGP-M: quda de 5,95% para 5,42%;
  • Conta Corrente: saldo negativo de R$ 46,20 bilhões;
  • Balança comercial: US$ 55 bilhões;
  • Investimento direto no país: US$ 78 bilhões ante R$ 80 bilhões;
  • Dívida líquida do setor público: queda de 57,70% do PIB.

Como isso afeta seu bolso?

A taxa de juros Selic é uma referência para todos demais juros da economia brasileira e por isso, seus reajustes podem oferecer impactos para todos nós. Há duas principais formas de nos impactar. São elas:

  • Empréstimos e financiamentos: com a Selic mais alta, eles ficam mais caros;
  • Aplicações financeiras: vários são os investimentos que têm relação com a Selic, direta ou indiretamente.

Em relação aos empréstimos e financiamentos, é importante estar atento porque as taxas de juros acabam reajustadas na mesma medida.

Já no que se refere às aplicações financeiras impactadas pela alta da Selic é o Tesouro Nacional. Entre os títulos emitidos por ele, há vários que levam em consideração a Selic e isso pode ser até bom para os investidores que passarão a ter um rendimento um pouquinho maior a partir de agora.

Além disso, a própria poupança é afetada já que ela oferece um rendimento de acordo com a Selic. A caderneta rende 70% da taxa SELIC enquanto ela (Selic) estiver abaixo de 8,5% ao ano e sempre que a taxa SELIC estiver acima de 8,5% ao ano, como agora, a poupança irá render 0,5% ao mês + a TR.

Quando a Selic estava em 7,75%, a poupança oferecia um retorno de cerca de 5,425% ao ano. Agora, o rendimento é fixo em 0,5% ao mês e 6% ao ano, portanto. Isso torna a poupança um pouco mais interessante ainda que esse rendimento não cubra a inflação do período.

O que é o COPOM?

É importante também conhecer um pouco mais o COPOM. Instituído em 1996, com o objetivo de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a taxa de juros, o órgão é formado pelo presidente e oito diretores do Banco Central.

Composição atual do Copom: (da esquerda para a direita) Bruno Serra Fernandes, Diretor de Política Monetária; Otavio Ribeiro Damaso, Diretor de Regulação; Paulo Souza, Diretor de Fiscalização; Carolina de Assis Barros, Diretora de Administração; Mauricio Moura, Diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta; Roberto Campos Neto, Presidente; Fernanda Guardado, Diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos; Renato Dias de Brito Gomes, Diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução; e Diogo Abry Guillen, Diretor de Política Econômica. Créditos: Divulgação/Banco Central
Composição atual do Copom: (da esquerda para a direita) Bruno Serra Fernandes, Diretor de Política Monetária; Otavio Ribeiro Damaso, Diretor de Regulação; Paulo Souza, Diretor de Fiscalização; Carolina de Assis Barros, Diretora de Administração; Mauricio Moura, Diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta; Roberto Campos Neto, Presidente; Fernanda Guardado, Diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos; Renato Dias de Brito Gomes, Diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução; e Diogo Abry Guillen, Diretor de Política Econômica. Créditos: Divulgação/Banco Central

Eles se reunem periodicamente em sessões de dois dias para estudar e discutir sobre diversos assuntos, como inflação, contas públicas, o desempenho da atividade econômica e o cenário internacional — e, claro, para ajustar a taxa SELIC.

Em cada reunião os membros do Copom analisam as projeções dos especialistas para os mercados e economias globais antes de tomar as decisões finais, por voto.

Créditos: Divulgação/BC
Créditos: Divulgação/BC

"O Copom toma suas decisões a cada reunião, conforme as expectativas de inflação [indicada pelo IPCA], o balanço de riscos e a atividade econômica. O BC define a taxa Selic visando o cumprimento da meta para a inflação", explicou o Banco Central (BC). Vale dizer que essa meta para inflação é sempre definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Os comunicados das decisões do Copom são divulgados após o término da segunda sessão da reunião ordinária, a partir das 18h. As atas do Copom, em português, são divulgadas às 8h da terça-feira da semana posterior a cada reunião.

Calendário do COPOM de 2022

Todos os anos são realizadas, ao total, 8 reuniões do Comitê de Política Monetária. Em 2022, essa será a última delas. Veja abaixo as demais datas em que os encontros foram realizados:

  • 1º e 2 de fevereiro;
  • 15 e 16 de março;
  • 3 e 4 de maio;
  • 14 e 15 de junho;
  • 2 e 3 de agosto;
  • 20 e 21 de setembro;
  • 25 e 26 de outubro;
  • 6 e 7 de dezembro.

Calendário Copom 2023

O Banco Central também já publicou o calendário das reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) de 2023. Confira abaixo em quais dias a Selic será definida no ano que vem:

  • 31 de janeiro e 1º de fevereiro;
  • 21 e 22 de março;
  • 2 e 3 de maio;
  • 20 e 21 de junho;
  • 1º e 2 de agosto;
  • 19 e 20 de setembro;
  • 31 de outubro e 1º de novembro;
  • 12 e 13 de dezembro.