Nessa semana, a partir dessa terça-feira, 31 de outubro e na quarta-feira, dia 1º de novembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central volta a realizar sua reunião periódica, a fim de discutir a Selic, que é a taxa básica de juros da economica brasileira.

Os encontros acontecem a cada 45 dias e participam desse momento, diretores e o presidente do Banco Central. No primeiro dia o grupo analisa a situação economica do país e do mundo e no segundo dia se dedica a definir se a Selic precisa ser reduzida, mantida ou elevada.

Atualmente a Selic está em 12,75% ao ano. Ela foi reduzida em 0,50 ponto percentual, no último encontro realizado nos dias 19 e 20 de setembro. Essa redução foi a segunda desde 2020. A primeira aconteceu em agosto de 2023 quando a Selic passou de 13,75% para 13,25% - veja o histórico completo mais abaixo.

Mas e agora, será que a Selic será reduzida novamente? Quais são as expectativas do mercado financeiro para a Selic até o fim do ano e quais os impactos dessa mudança ou manutenção?

Selic deve ser reduzida mais uma vez

A expectativa do mercado financeiro, de acordo com o Boletim Focus, é de que a Selic chegue ao fim de 2023 em 11,75% ao ano. Como o Copom deve se reunir ainda mais duas vezes, ou seja, nos dias 31 e 1º, e depois mais uma vez em dezembro, pode-se esperar mais duas reduções de 0,50 p.p.

Na verdade, o próprio Copom também previu isso em seu último relatório, caso a economia brasileira se mantenha estável e a inflação controlada.

"A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária", diz o documento.

Mas em seguida também destaca que "o Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas".

E por fim ressalta que "em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário".

Revisado toda semana, o Relatório Focus é o boletim oficial do Banco Central que traz projeções atualizadas do mercado financeiro para os principais indicadores da economia. E para 2023, suas previsões atualmente* são as seguintes:

  • Selic: 11,75% ao ano;
  • Inflação (IPCA): 4,65% ao ano
  • PIB Total (variação sobre o ano anterior): 2,90%;
  • Câmbio (Dólar): R$ 5,00;
  • IGP-M: -3,56%;
  • Conta Corrente: saldo negativo de R$ 39,70 bilhões;
  • Balança comercial: US$ 74,35 bilhões;
  • Investimento direto no país: US$ 79,40 bilhões;
  • Dívida líquida do setor público: 60,60% do PIB.

*Com base no boletim publicado na segunda-feira, 23 de outubro de 2023.

O que é a Taxa Selic?

Abreviação de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, a Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, responsável por orientar o cálculo dos demais juros do país.

Sempre revisada pelo Copom, órgão do Banco Central, a cada 45 dias, a Selic mostra como os bancos devem cobrar por empréstimos e financiamentos e impõe a rentabilidade direta ou indireta de investimentos.

Além disso, a Selic também norteia a inflação no Brasil (atingindo em cheio o IPCA), tudo para controlar a economia brasileira. A imagem abaixo mostra como isso funciona.

Créditos: Divulgação/Banco Central
Créditos: Divulgação/Banco Central

Com a Selic sendo aumentada, logo os empréstimos e financiamentos ficaram mais caros e o poder de compra dos brasileiros diminuiu; neste caso, é observada uma desaceleração na economia. Entretanto, alguns investimentos, como os títulos públicos, ficam com uma rentabilidade maior.

De outro lado, quando o Copom decide baixar a Selic - assim como ocorreu fortemente em 2020 e volta acontecer agora -, o movimento é, em tese, o contrário e a intenção do governo, junto aos economistas, é deixar o crédito mais barato e incentivar o consumo da população e a produção do mercado, aquecendo a economia.

Histórico recente da Taxa Selic

Últimos ajustes da Taxa Selic
Reunião do Copom SELIC - % a.a. Ajuste
20/09/2023 12,75 -0,50
02/08/2023 13,25 -0,50
21/06/2023 13,75 -
03/05/2023 13,75 -
22/03/2023 13,75 -
1º/02/2023 13,75 -
07/12/2022 13,75 -
26/10/2022 13,75 -
21/09/2022 13,75 -
03/08/2022 13,75 + 0,50
15/06/2022 13,25 + 0,50
04/05/2022 12,75 + 1,00
16/03/2022 11,75 + 1,00
02/02/2022 10,75 +1,50
08/12/2021 9,25 +1,50
27/10/2021 7,75 +1,50
22/09/2021 6,25 + 1,00
04/08/2021 5,25 +1,00
16/06/2021 4,25 +0,75
05/05/2021 3,50 +0,75
17/03/2021 2,75 +0,75
20/01/2021 2,00 -
09/12/2020 2,00 -
Créditos: Banco Central/Poupar Dinheiro

Quem é o COPOM?

É importante também conhecer um pouco mais o COPOM. Trata-se de um órgão formado pelo presidente e oito diretores do Banco Central, que se reúnem em sessões de dois dias para estudar e discutir sobre diversos assuntos, como inflação, contas públicas, o desempenho da atividade econômica e o cenário internacional — e, claro, para ajustar a taxa SELIC.

Em cada reunião os membros do Copom analisam as projeções dos especialistas para os mercados e economias globais antes de tomar as decisões finais, por voto.

Créditos: Divulgação/Banco Central
Créditos: Divulgação/Banco Central

"O Copom toma suas decisões a cada reunião, conforme as expectativas de inflação [indicada pelo IPCA], o balanço de riscos e a atividade econômica. O BC define a taxa Selic visando o cumprimento da meta para a inflação", explicou o Banco Central (BC). Vale dizer que essa meta para inflação é sempre definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Créditos: Divulgação/Banco Central
Créditos: Divulgação/Banco Central

Acima é possível ver a composição atual do Copom: Da esquerda para a direita, Roberto Campos Neto, Renato Dias de Brito Gomes, Gabriel Muricca Galípolo, Carolina de Assis Barros, Mauricio Moura, Ailton de Aquino Santos, Otavio Ribeiro Damaso, Fernanda Guardado, Diogo Abry Guillen