Pela terceira vez em 2023, a taxa básica de juros brasilera - chamada de Taxa Selic - foi reduzida. O anúncio foi feito no início da noite dessa quarta-feira, 1º de novembro, pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Assim, a Selic passa a agora a ser de 12,25% ao ano. A redução de 0,50 ponto percentual se deu após dois dias de reunião do Copom no Banco Central, mas ela já era esperada pelo mercado financeiro. Desde agosto de 2023 a Selic vem sendo reduzida aos poucos.

Até agosto ela estava em 13,75% ao ano. Na primeira redução ela passou a 13,25% e em setembro baixou para 12,75%, ou seja, as reduções já vinham sendo de 0,50 p.p. (veja o histórico completo abaixo). Na última reunião, o Copom previu que "se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões".

Copom

O anúncio da nova redução da Selic se deu por meio do tradicional comunicado que é publicado no site do Banco Central ao fim do segundo dia de encontro.

O documento traz um resumo do que foi discutido na reunião, a decisão sobre a Taxa Selic e uma perspectiva para os próximos encontros, considerando o cenário econômico atual.

No comunicado dessa quarta-feira, dia 1º, o Copom desacou o seguinte:

Considerando a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 12,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

[...]

Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

Qual a expectativa até o fim do ano?

Além da previsão feita pelo Copom, o Banco Central também divulga todas as semanas um boletim que tem como base a expectativa do Mercado Financeiro como um todo. Nesse relatório consta o que se espera para a Selic até o fim de 2023, e ela vai ao encontro do que o comunicado do Copom informou.

Para 2023, suas previsões atualmente* são as seguintes:

  • Selic: 11,75% ao ano;
  • Inflação (IPCA): 4,63% ao ano
  • PIB Total (variação sobre o ano anterior): 2,89%;
  • Câmbio (Dólar): R$ 5,00;
  • IGP-M: -3,51%;
  • Conta Corrente: saldo negativo de R$ 38,30 bilhões;
  • Balança comercial: US$ 74,95 bilhões;
  • Investimento direto no país: US$ 72 bilhões;
  • Dívida líquida do setor público: 60,60% do PIB.

*Com base no boletim publicado na segunda-feira, 30 de outubro de 2023.

Próxima reunião é em dezembro

O Copom tem ainda uma última reunião em 2023. Ela acontecerá nos dias 12 e 13 de dezembro e conforme mostram os dados acima, a expectativa é de que nessa reunião a Selic seja reduzida mais uma vez.

Além das reuniões de 2023, o Banco Central também já divulgou as datas de 2024. Confira:

  • 30 e 31 de janeiro
  • 19 e 20 de março
  • 7 e 8 de maio
  • 18 e 19 de junho
  • 30 e 31 de julho
  • 17 e 18 de setembro
  • 5 e 6 de novembro
  • 10 e 11 de dezembro

O que é a Taxa Selic e qual o impacto da redução?

Abreviação de Sistema Especial de Liquidação e Custódia, a Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, responsável por orientar o cálculo dos demais juros do país.

Sempre revisada pelo Copom, órgão do Banco Central, a cada 45 dias, a Selic mostra como os bancos devem cobrar por empréstimos e financiamentos e impõe a rentabilidade direta ou indireta de investimentos.

Além disso, a Selic também norteia a inflação no Brasil (atingindo em cheio o IPCA), tudo para controlar a economia brasileira.

Com a Selic sendo aumentada, logo os empréstimos e financiamentos ficaram mais caros e o poder de compra dos brasileiros diminuiu; neste caso, é observada uma desaceleração na economia. Entretanto, alguns investimentos, como os títulos públicos, ficam com uma rentabilidade maior.

De outro lado, quando o Copom decide baixar a Selic - assim como ocorreu fortemente em 2020 e volta acontecer agora -, o movimento é, em tese, o contrário e a intenção do governo, junto aos economistas, é deixar o crédito mais barato e incentivar o consumo da população e a produção do mercado, aquecendo a economia.

Um dos impactos mais diretos da vairação da Selic, por exemplo, é na rentabilidade da Poupança. Também sofrem impactos as aplicações em contas cujo rendimento é de 100% do CDI, como é o caso de vário bancos digitais brasileiros.

Na tabela abaixo você pode conferir o histórico recente da Taxa Selic

Últimos ajustes da Taxa Selic
Reunião do Copom SELIC - % a.a. Ajuste
1º/11/2023 12,25 -0,50
20/09/2023 12,75 -0,50
02/08/2023 13,25 -0,50
21/06/2023 13,75 -
03/05/2023 13,75 -
22/03/2023 13,75 -
1º/02/2023 13,75 -
07/12/2022 13,75 -
26/10/2022 13,75 -
21/09/2022 13,75 -
03/08/2022 13,75 + 0,50
15/06/2022 13,25 + 0,50
04/05/2022 12,75 + 1,00
16/03/2022 11,75 + 1,00
02/02/2022 10,75 +1,50
08/12/2021 9,25 +1,50
27/10/2021 7,75 +1,50
22/09/2021 6,25 + 1,00
04/08/2021 5,25 +1,00
16/06/2021 4,25 +0,75
05/05/2021 3,50 +0,75
17/03/2021 2,75 +0,75
20/01/2021 2,00 -
09/12/2020 2,00 -
Créditos: Banco Central

Quem é o COPOM?

O Copom é um órgão formado pelo presidente e oito diretores do Banco Central, que se reúnem em sessões de dois dias para estudar e discutir sobre diversos assuntos, como inflação, contas públicas, o desempenho da atividade econômica e o cenário internacional — e, claro, para ajustar a taxa SELIC.

Em cada reunião os membros do Copom analisam as projeções dos especialistas para os mercados e economias globais antes de tomar as decisões finais, por voto.

A composição atual do Copom é a seguinte: Roberto Campos Neto, Renato Dias de Brito Gomes, Gabriel Muricca Galípolo, Carolina de Assis Barros, Mauricio Moura, Ailton de Aquino Santos, Otavio Ribeiro Damaso, Fernanda Guardado e Diogo Abry Guillen. Veja na foto abaixo:

Créditos: Divulgação/BCB
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