Após as medidas anunciadas pelo ministro Fernando Haddad sobre as propostas de corte de gastos e ajustes no orçamento, nesta quinta-feira (28), o dólar abriu em forte alta, chegando próximo de R$ 6, refletindo a resposta negativa do mercado ao anúncio do novo pacote fiscal.
Ontem, a moeda norte-americana fechou em R$ 5,91, atingindo o maior valor nominal da história. Às 9h05, o dólar alcançava R$ 5,97, registrando um aumento de 0,6%. Momentos antes, já havia tocado R$ 5,99, demonstrando a volatilidade do mercado.
Os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), e Rui Costa (Casa Civil) apresentaram as medidas do pacote, que inclui a prometida isenção do Imposto de Renda para salários até R$ 5 mil. A isenção é estimada em um custo de R$ 35 bilhões. Para isso, o governo vai limitar o aumento do salário mínimo a 2,5% mais a inflação, sem vincular mais ao crescimento do PIB, que deve ser maior que 3% esse ano.
Tesouro Direto
Os títulos do tesouro direto abriram hoje pela manhã em taxas recordes nos últimos 6 anos. O título atrelado à inflação (IPCA 2029) passou de 7% e o IPCA 2035 chegou a 6,9%.
Haddad destacou que a reforma tributária busca "neutralidade tributária", sem aumentar ou diminuir a arrecadação, mas focando na eficiência e justiça fiscal. O pacote prevê uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos.
Entre as principais propostas estão:
- Limitar o aumento do salário mínimo a 2,5% mais a inflação.
- Cobrar imposto de Renda adicional para quem recebe acima de R$ 50 mil mensais;
- Corrigir o limite de acesso ao abono salarial, não mais para quem recebe até 2 salários mínimos (hoje R$ 2.824), mas para quem ganhar até 1,5 mínimos (R$ 2.118).
- Alterações na aposentadoria militar e limitações de pensões.
- Imposição do teto constitucional aos agentes públicos.
- Crescimento das emendas globais em saúde.
- Aperfeiçoamento no controle de fraudes do BPC.
Agora, as medidas precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional. Haddad expressou confiança em uma possível aprovação ainda este ano, o que será bem difícil pelo calendário apertado. Assim, as mudanças só devem valer a partir de 2026.
Ainda, outros cortes dão conta de benefícios sociais, como o Bolsa Família. O orçamento do programa deve cair R$ 2 bilhões em 2025 e mais R$ 3 bilhões em 2026. No BPC - Benefício de Prestação Continuada, também R$ 2 bilhões a menos são previstos para equilibrar as contas.
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