Para os númismatas, ou seja, os estudiosos sobre cédulas, moedas e medalhas, cada item desses tem um valor que vai muito além de sua de metal ou papel. Cada pedaço de dinheiro desvenda um cosmos intrincado, repleto de narrativas, valores e paixões.

É nesse contexto que determinadas moedas ascendem à categoria de raridade, transformando-se em verdadeiros tesouros, conquistando a atenção de colecionadores ávidos. Um exemplo desse fenômeno é a moeda de R$ 0,10 do Real brasileiro.

Fabricada em 1995 pela Casa da Moeda do Brasil, essa moeda é considerada rara, mas ainda é classificada como "em circulação" pelo Banco Central, de forma que ela pode estar até mesmo aí, na sua carteira, e você nem sabe. E o melhor: você até poderia ganhar algum dinheiro com ela.

Ficou curioso e quer saber mais? Continue a leitura.

Moeda de R$ 0,10 valiosa

A moeda da qual estamos falando, foi colocada em circulação em 31 de maio de 1995 com com motivo alusivo à celebração dos 50 anos da Food and Agriculture Organization - FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

Na ocasião, ela teve uma tiragem limitada a 1.000.000 de peças. Sua composição é de aço inoxidável e no anverso, ela conta com a figura de mãos que oferecem broto de vegetal em ramificações folhosas e as legendas "BRASIL", "FAO - 1945/1995" e "ALIMENTOS PARA TODOS". No reverso, ela é uma moeda de R$ 0,10 comum, com os dizeres "10 centavos" e "1995".

O fato é que apesar de seu valor facial ser de apenas R$ 0,10 centavos, essa moedinho pode valer bem mais do que isso. Em alguns sites de vendas de itens usados e de colecionadores, o preço gira em torno dos R$ 300.

O valor dela é especialmente elevado se junto dela o colecionador tiver uma outra moeda com a mesma temática: a de R$ 0,25 lançada na mesma data - veja na imagem abaixo -, com a mesma composição e especificações técnicas mas que tem em seu anverso, uma cena de cultivo de vegetais, além das legendas "BRASIL", "FAO - 1945/1995" e "ALIMENTOS PARA TODOS" também.

Créditos: Divulgação/Banco Central
Créditos: Divulgação/Banco Central

Erros valiosos

Por si só essas duas moedas já valem um bom dinheirinho, no entanto, é importante que você saiba que muitas vezes cédulas e moedas com algum erro de cunhagem se tornaram relíquias. Veja algumas delas abaixo.

  • Moeda de R$ 1 com a letra P marcada nela: a letrinha aparece logo abaixo da palavra "Real" e é bem discreta, porém, esse detalhe indica que a moeda foi um teste e que ela foi usada como base para definir se a cunhagem das próximas moedas estaria em ordem. É uma das mais raras e pode valer até R$ 10 mil;
  • Disco único: há dois metais utilizados na fabricação das moedas de R$ 1: um prateado e outro dourado. As moedas que apresentam apenas um metal são extremamente valiosas, podendo ser vendida por mais de R$ 1.500;
  • Batida dupla: uma moeda com batida dupla é raríssima e vale cerca de R$ 2 mil. No momento da fabricação, a moeda pode receber uma batida dupla, o que faz com que as informações apareçam duplicadas em sua face;
  • Cunho descentralizado: nesse caso, trata-se de moedas que não tiveram o cunho centralizado na hora da cunhagem. Dessa forma, para os colecionadores, quanto mais descentralizado o cunho estiver, mais valiosa a moeda é. Aquelas que apresentam um grande nível de descentralização podem ser vendidas por até R$ 1.500; e
  • Bifacial: são as moedas de R$ 1 cuja informações são repetidas nos dois lados e valem até R$ 3.500. É, portanto, uma das moedas de R$ 1 valiosas mais cobiçadas.

Estado de conservação é importante

Justamente por terem um valor artístico e histórico, o estado de conservação das moedas tem um peso importante no valor que será atribuído a elas.

Segundo o Banco Central, há pelo menos três estados de conservação que fundamentam o processo de precificação:

  • MBC (muito bem conservada) - apresenta pelo menos 70% dos detalhes da fabricação original, não podendo apresentar mais de 20% de desgaste;
  • Soberba - teve pouca circulação e apresenta pelo menos 90% dos detalhes da fabricação original;
  • Flor de Cunho - apresenta todos os detalhes da fabricação original e não esteve em circulação (são moedas que saíram do banco, manuseadas com luvas).

O último desses estados de conservação costuma circular apenas entre colecionadores, pessoas que compram as moedas colecionáveis direto da Casa da Moeda, por exemplo. No entanto, os outros dois estados podem ser encontrados na rua.

Portanto, fique atento! Sempre que você ganhar uma moeda, antes de passá-la adiante, sempre vale a pena dar uma conferida. Eventualmente você pode ter um pequeno tesouro nas mãos.