Diversos clientes do Nubank, uma das maiores fintechs financeiras, estão cancelando suas contas. O motivo é um story publicado pela executiva e cofundadora do Nubank, Cristina Junqueira, sobre um evento promovido pelo site Brasil Paralelo, comumente associada ao bolsonarismo e a extrema-direita. A notícia se espalhou rapidamente no X (Twitter) na tarde desta terça-feira, 18.

No story no Instagram, publicado na segunda-feira (17) a noite, Cristina mostra um convite para o evento "We Who Wrestle With God", palestra do canadense Jordan Peterson, psicólogo e autor conhecido por suas posições conservadoras. A executiva agradece o convite e marca os perfis de Peterson, do Brasil Paralelo e do @fronteirasweb, que organiza o evento.

Veja a postagem:

Créditos: Divulgação/Instagram
Créditos: Divulgação/Instagram

Cancelamento de contas

No X, houve reações negativas por parte dos usuários. Um deles disse: "Todo mundo cancelando o Nubank. Já cancelaram o de vcs? Na Alemanha nazista, Hitler teve o apoio de empresários. Isso o ajudou a chegar onde chegou. O apoio da CEO do Nubank a grupos de extrema direita não pode ser naturalizado! Bora cancelar e partir pra outra opção!".

A deputada Erika Hilton (PSOL-SP) também se pronunciou: "Que bancos influenciam a política, não é novidade. Mas é essa a política que o Nubank apoia?"

Mas, afinal, qual o motivo do boicote?

Além da divulgação do evento pela CEO da empresa, Cristina Junqueira, veio à tona um escândalo envolvendo um ex-funcionário do Nubank. O Intercept Brasil revelou que em 2016, Konrad Scorciapino, então engenheiro de software, foi exposto por publicações xenofóbicas nas redes sociais. Apesar da acusação, o Nubank manteve-o no cargo por quase dois anos e acobertou o episódio.

Konrad também é um dos fundadores do 55Chan, fórum conhecido pela disseminação de crimes de ódio, pornografia infantil e antissemitismo. Ele é o atual diretor de tecnologia do Brasil Paralelo.

Na época, Konrad era engenheiro sênior de software da empresa e representaria o Nubank em um evento sobre a linguagem de programação Python, mas foi denunciado por outros membros da Associação Python Brasil (APyB) por suas publicações xenofóbicas. Konrad havia repostado um tuíte que culpava imigrantes por estupros na Dinamarca: "A Dinamarca tem um problema de estupro. O problema do estupro é causado por diversidade. #DiversidadeÉEstupro", dizia a publicação.

Seu envolvimento com o fórum 55Chan é uma informação pública desde 2010, e o Nubank decidiu mantê-lo no cargo até 2018, mesmo após a publicação xenofóbica.

Após a publicação da CEO da empresa e a revelação do caso, feita pelo Intercept Brasil, usuários do X (ex-Twitter) têm promovido uma campanha para que clientes do Nubank cancelem seus cartões e parem de utilizar os serviços da empresa.