Na última quarta-feira (2), o Comitê de Política Monetária (Copom) tomou a decisão de diminuir a taxa SELIC, taxa básica de juros da economia, de 13,75% para 13,25% ao ano, a primeira queda dos últimos três anos. Com isso, um novo horizonte toma forma e torna o crédito mais acessível, mas também tem um impacto direto nos rendimentos de investimentos financeiros.

Com a redução da Selic, que deve seguir caindo nos próximos meses, é esperado que os investimentos em renda variável (que envolvem maior risco e não garantem retorno fixo no momento da aplicação) se tornem mais atrativos em comparação com os investimentos de renda fixa.

Especialistas, no entanto, sugerem que essa mudança ocorrerá gradualmente, especialmente à medida que novas reduções nas taxas de juros ocorram no futuro. Enquanto isso, devido à Selic ainda estar em um patamar relativamente alto, os ativos de renda fixa continuam apresentando um bom desempenho.

São exemplos de investimentos em renda variável:

  • Ações de empresas;
  • Determinados tipos de fundos de investimento;
  • Fundos imobiliários;
  • Mercado cambial.

Já investimentos em renda fixa englobam:

  • Títulos do Tesouro Direto;
  • Certificados de Depósitos Bancários (CDBs);
  • Letras de Crédito Imobiliário (LCI);
  • Letras de Crédito do Agronegócio (LCA).

Por outro lado, a poupança, que é uma opção popular entre os brasileiros, vai continuar apresentando seu mesmo desempenho. Em junho, apesar de ter registrado sua maior rentabilidade real em quase seis anos, ela ainda não alcança níveis de retorno comparáveis a outras modalidades de investimento. Hoje, ela rende 0,71% ao mês, valor acima da inflação é verdade, mas longe de bater um LCI 90% por exemplo, que paga hoje 0,98% com a nova SELIC.

No que investir após a queda da Selic

Analistas dizem que as debêntures devem ter um incremento e prometem retornos mais substanciais, sendo títulos emitidos por empresas para financiar seus projetos e operações, mas com um risco um pouco maior.

Logo em seguida, temos as LCIs e as LCAs, ótimos investimentos que desfrutam da vantagem de serem isentos de Imposto de Renda (IR). Não raros, ainda pagam acima de 1% ao mês e contam com a garantia do FGC para valores até R$ 250 mil.

Outra opção ainda é o Tesouro Selic, que tem rentabilidade líquida real (o lucro acima da inflação) projetada de 5,42% para um período de 12 meses.

No caso dos investimentos em CDBs, eles ainda ganham da inflação, com taxas que variam de 0,88% a 0,92% ao mês, de acordo com o prazo aplicado. Neste caso, incide o desconto do Imposto de Renda.

Bernardo Pascowitch, presidente e fundador do Yubb, expressa que a trajetória de redução das taxas de juros provavelmente estimulará um aumento nos aportes em empresas listadas na B3, a bolsa de valores brasileira.

"Nesse contexto, a diversificação na área de renda variável se torna uma estratégia atrativa para o pequeno investidor, desde que seja implementada com consideração ao seu nível de aceitação do risco e da volatilidade", sugere Pascowitch.

Importante é estar atento para não cair em ciladas. Com uma forte valorização das ações nos últimos meses, já antecipando o corte da Selic, o investidor deve tomar cuidado para não pagar caro em papeis que podem se desvalorizar no curto prazo.

Projeções futuras

Especialistas reiteram a expectativa de que, ao longo do tempo, a renda variável se torne mais atraente em relação à renda fixa. Contudo, essa mudança deve ser percebida gradualmente, especialmente diante de possíveis futuras reduções da taxa Selic.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai se reunir ainda 2 vezes este ano e novos cortes não estão descartados. Para Carlos Honorato, professor da FIA Business School, embora ainda seja cedo para uma migração em massa de investidores da renda fixa para a variável, esse é um movimento iminente.

É válido lembrar que, ao considerar investir, especialistas sugerem a avaliação não apenas da rentabilidade, mas também dos objetivos do investimento.

Adicionalmente, é essencial ponderar sobre o período pelo qual o capital poderá ficar retido, a possibilidade de resgates antes do vencimento da aplicação e a disposição para assumir níveis mais altos ou mais baixos de risco.

É recomendável ainda que o investidor tenha constituído uma reserva de emergência antes de buscar a diversificação e explorar alternativas com maior risco e prazos mais extensos.