O governo planeja anunciar um pacote de incentivo à produção de carros populares no Brasil em 25 de maio, Dia da Indústria. O plano abrangerá toda a cadeia industrial, incluindo medidas como linhas de crédito, reduções tributárias, aumento da nacionalização de bens manufaturados e programa de financiamento para veículos. Detalhes adicionais estão sendo finalizados. Confira abaixo os principais pontos do pacote que será anunciado pelo Governo Federal.
Modelos vão custar até R$ 60 mil
Os modelos de carros de entrada serão o foco das medidas, com o objetivo de reduzir os preços iniciais dos modelos compactos com motor 1.0 para uma faixa entre R$ 50 mil e R$ 60 mil. Não são esperadas grandes mudanças nesse momento.
Além disso, uma alteração deve ser feita em relação à vinculação de benefícios exclusivos para carros movidos 100% a etanol, conforme inicialmente defendido pelo governo. As montadoras, além de considerarem a aceitação do mercado, argumentam que os carros flex já são capazes de rodar apenas com álcool. Qualquer outra mudança exigiria novos investimentos que não estão nos planos das empresas.
Parte dos investimentos feitos nos últimos anos para o avanço desses modelos ainda está sendo amortizada no país, e as fabricantes não têm intenção de direcionar uma nova fase de investimentos exclusivamente para a produção de carros considerados menos lucrativos.
Primeiro modelo deve ser da Renault
O Renault Kwid na versão Zen, produzido em São José dos Pinhais (PR), é o automóvel mais acessível atualmente vendido no Brasil, com um preço hoje de R$ 69 mil. Representantes da montadora francesa recentemente se reuniram com o ministro do Desenvolvimento e vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB).
É provável que o Kwid seja o primeiro modelo a se adaptar ao programa de incentivo. Atualmente, todas as versões do compacto vêm equipadas com direção de assistência elétrica e ar-condicionado, embora essa não fosse a configuração inicial.
No lançamento do carro, em junho de 2017, a opção Life não contava com esses recursos. Naquela época, o preço inicial era de R$ 30 mil, o que equivale a aproximadamente R$ 41 mil hoje, ajustado com base no IPCA.
Para as marcas que não possuem modelos de baixo custo e não têm intenção de simplificar seus carros, a expectativa é persuadir o governo de que é mais importante criar formas de reduzir os preços dos automóveis existentes, por meio de ajustes na tributação e minimizando a retirada de equipamentos.
Essa abordagem será incorporada no plano do governo, que não se restringe apenas aos modelos de entrada. Dessa forma, haverá redução de preços e financiamento de longo prazo, sem a obrigação de atingir um valor abaixo de R$ 60 mil para usufruir dos benefícios tributários.
Nesse contexto, um dos critérios considerados poderá ser a eficiência energética, beneficiando os modelos menos poluentes. O pacote também deve incluir incentivos à produção local de carros híbridos e elétricos, algo que desperta interesse das montadoras.
FGTS poderá ser usado como garantia
No entanto, todo esse pacote enfrenta o desafio da renda média do brasileiro, que foi ainda mais afetada pela combinação da crise econômica com a pandemia. Essa tempestade perfeita é agravada pelo atual patamar da taxa básica de juros e pelo contínuo aumento da inadimplência.
De acordo com a Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), os atrasos de pagamento com mais de 90 dias atingiram 5,9% dos contratos, representando um aumento de 1,5% em relação a 2021.
Isso se torna um desafio para o setor financeiro, que busca oferecer taxas atraentes para pessoas físicas sem comprometer a solidez do crédito. Uma das ideias em discussão para contornar esse problema é a utilização do saldo do GTS como garantia.
Assim, o FGTS não seria utilizado diretamente como pagamento pelo carro, mas serviria como garantia aos bancos em caso de inadimplência. No entanto, essa questão ainda está em discussão e não está definido se será incluída no pacote de incentivos.
Motoristas de app podem ser os principais beneficiados
O objetivo de todas essas medidas é impulsionar as vendas no varejo, mas é provável que os modelos mais básicos acabem sendo direcionados para frotas de aluguel de carros. Esses modelos de veículos podem ser especialmente procurados por motoristas de aplicativos que optam por programas de assinatura de longo prazo.
No último mês, foram emplacadas 160,7 mil unidades, sendo as locadoras as principais clientes desse mercado. No total, as empresas do setor adquiriram 47 mil veículos somente em maio.
Como resultado dessa estratégia, um efeito colateral observado é a ociosidade nas linhas de montagem. O parque fabril tem uma capacidade de produção de aproximadamente 4,5 milhões de carros por ano. No entanto, em 2022, foram fabricadas apenas 2,37 milhões de unidades, englobando carros de passeio, veículos comerciais leves, ônibus e caminhões.
Uma evidência desse cenário foi o comunicado da Volkswagen de postergar a implantação do sistema de layoff (suspensão temporária dos contratos de trabalho) para 800 colaboradores na fábrica de Taubaté, situada no interior de São Paulo. Essa unidade é responsável pela produção do Polo Track (R$ 81.370), modelo que substituiu o Gol como o carro de entrada da marca alemã no Brasil.
Com a decisão de adiamento do layoff, o veículo continuará sendo fabricado em dois turnos, indicando a intenção de aumentar o estoque da fábrica.
Quais modelos devem ser lançados para o programa que barateia os carros populares?
Os modelos de carros de entrada serão o foco das medidas, com o objetivo de reduzir os preços iniciais dos modelos compactos com motor 1.0 para uma faixa entre R$ 50 mil e R$ 60 mil. Não são esperadas grandes mudanças nesse momento. É provável que o Kwid seja o primeiro modelo a se adaptar ao programa de incentivo.
Como deverá ser utilizado o FGTS para compra dos carros populares?
Uma das ideias em discussão para contornar esse problema é a utilização do FGTS como garantia. Assim, o FGTS não seria utilizado diretamente como pagamento pelo carro, mas serviria como garantia aos bancos em caso de inadimplência. No entanto, essa questão ainda está em discussão.
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