O empréstimo consignado disponível para as famílias do Auxílio Brasil se tornou uma preocupação para a equipe de Lula. Ainda durante a campanha o petista e seus aliados criticaram a liberação do crédito para as famílias vulneráveis argumentando que a medida iria prejudicar ainda mais as famílias que já estavam endividadas.

Segundo dados do Ministério da Cidadania, 1 a cada 6 beneficiários solicitaram o crédito consignado que foi liberado pela Caixa Econômica Federal e outras 15 instituições financeiras.

No entanto, a maioria - R$ 7,65 bilhões - foi solicitado pelo banco público, enquanto outros R$ 1,8 bilhão foram contratados em financeiras e bancos privados. Grandes bancos ficaram de fora da oferta de crédito.

Até 1º de novembro cerca de R$ 9,5 bilhões haviam sido desembolçados, a maior parte durante o período eleitoral. "Essas pessoas terão até 40% de seu benefício comprometido [...]. A medida, claramente eleitoreira, vai na contramão das políticas de proteção social, comprometendo benefícios futuros", descreveu um levantamento realizado pelo grupo técnico do Desenvolvimento Social na equipe de transição.

Com base nisso, a solução estudada pela equipe de Lula é a suspensão dos financiamentos, bem como a mudança no arcabouço legal para evitar o superendividamento das famílias que vivem com renda mensal de até R$ 210. Grande parte desses beneficiários recorreram ao crédito consignado para comprar comida, quitar dívidas e para cobrir as despesas de fim de ano.

Beneficiários podem ter dívida perdoada

É importante lembrar que ao contratar o empréstimo do Auxílio Brasil a família terá descontado até 40% do seu benefício mensal (R$ 160) até o fim do prazo do contrato. Contudo, caso perca o direito ao benefício, a dívida segue ativa e deverá ser quitada pelo beneficiário de qualquer forma.

"As pessoas que tomam o crédito consignado terão a sua renda familiar comprometida, quer permaneçam no programa de transferência de renda, quer não, mesmo que saiam por medida de redesenho, averiguação ou impossibilidade de atualização de informações", diz o documento.

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, o governo estuda a medida de anistiar a dívida das famílias do Auxílio Brasil que fizeram a contratação do empréstimo consignado no ano passado. A informação foi confirmada pelo ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, que confirmou a discussão sobre um programa mais amplo de renegociação de dívidas.

"Tem uma proposta de anistia para os endividados. Ainda não é possível dizer [os detalhes do programa] porque há aspectos legais que envolvem um banco", declarou Dias. As discussões sobre o tema seguem em andamento e incluem, além da pasta de Desenvolvimento Social, a Caixa Econômica Federal, a Controladoria-Geral da União (CGU), a Advocacia-Geral da União (AGU) e o Ministério da Fazenda.