O governo federal enviou no fim da quinta-feira (31) a proposta de orçamento para o ano de 2024 ao Congresso Nacional e preocupou beneficiários do Bolsa Família que não devem ter reajuste no ano que vem.
As principais informações que chamam atenção é a não previsão de aumento salarial expressivo para servidores públicos federais e também um Bolsa Família sem reajuste no próximo ano, tão defendido pelo governo.
Segundo o governo, implementar um possível reajuste para os servidores teria um impacto financeiro significativo. Um aumento de apenas 1% resultaria em R$ 3,46 bilhões a mais nas despesas com folha de pagamento. Diante desse cenário fiscal restritivo para 2024, o governo considerou essa medida imprudente.
No entanto, é importante ressaltar que o governo não está deixando de considerar o Bolsa Família como prioridade. Mesmo sem reajuste, o programa continuará sendo uma importante ferramenta de apoio às famílias em situação de vulnerabilidade.
Em resumo, a proposta de orçamento para 2024 não prevê aumentos salariais para os servidores.
#Orçamento2024: O Poder Executivo entrega hoje ao Congresso Nacional o Projeto de Lei Orçamentária de 2024. Ao longo dos próximos dias, vamos trazer as principais informações do documento: previsões de receitas, despesas, recursos para os ministérios e para os programas sociais. pic.twitter.com/5NgUFkEJJT
— Ministério do Planejamento e Orçamento (@MinPlanejamento) August 31, 2023
Em 2023, o Orçamento aprovado pelo Congresso destinou um montante de R$ 11,6 bilhões para atender às necessidades de reajuste dos servidores. Isso possibilitou que o governo firmasse um acordo com os servidores para a implementação de um aumento salarial de 9% a partir de maio deste ano, acordo esse que foi formalizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O acordo deste ano também englobou um aumento de R$ 200 no auxílio-alimentação, elevando o valor mensal de R$ 458 para R$ 658.
Essa negociação foi conduzida pela ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, por meio de uma mesa de negociação emergencial com os servidores, e o reajuste já passou pelo processo legislativo.
Despesas sujeitas a condições
De acordo com informações do Ministério do Planejamento, um total de R$ 32 bilhões em despesas está sujeito à aprovação do Congresso Nacional. Isso ocorre porque o planejamento governamental leva em consideração a projeção da inflação até o final do ano, e os recursos só podem ser repassaados após a confirmação dessa estimativa.
A possibilidade de incluir no Orçamento despesas sujeitas a condições vinculadas à previsão de inflação foi rejeitada pela Câmara dos Deputados durante a tramitação da nova regra fiscal. No entanto, o governo propôs incorporar esse mesmo mecanismo em outro projeto, a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Conforme explicou o secretário de Orçamento, Paulo Bijus, dos R$ 32 bilhões mencionados:
- R$ 21 bilhões estão condicionados ao Bolsa Família;
- Os outros R$ 11 bilhões estão relacionados a outras despesas discricionárias, que não são de caráter obrigatório.
Última negociação ocorreu em 2016
Segundo informações do Ministério da Gestão, a última negociação abrangente com os servidores ocorreu em 2016, durante o governo de Dilma Rousseff, quando foram encaminhados ao Congresso reajustes escalonados, dependendo da categoria, com vigência entre 2016 e 2019. O presidente Michel Temer, que sucedeu Dilma, não vetou os referidos reajustes.
Em 2020, o governo Bolsonaro autorizou novos reajustes, mas apenas para militares, como parte de um processo de reestruturação das carreiras.
Durante o auge da pandemia de Covid-19, a equipe econômica do governo Bolsonaro, sob a liderança do então ministro Paulo Guedes, vetou aumentos salariais para servidores como forma de compensar o aumento dos gastos com saúde e o auxílio à população carente.
Em 2021, a proposta de Orçamento para 2022 incluiu autorização para a realização de novos concursos públicos, mas não contemplou reajustes para os servidores já em exercício.
Na votação do Orçamento de 2022 no Congresso, entretanto, os parlamentares reservaram R$ 1,7 bilhão para possíveis reajustes em algumas categorias - quantia que acabou não sendo utilizada, apesar das greves ocorridas no Banco Central e no Tesouro Nacional.
A justificativa dada foi a falta de espaço dentro do teto de gastos, que é um mecanismo que limita as despesas do governo ao aumento da inflação do ano anterior.
Bolsa Família não terá aumento em 2024?
Paulo Bijus, o secretário de Orçamento, destacou que, em relação às despesas, não está programado o aumento tanto para os servidores quanto para o Bolsa Família. No entanto, ele ressaltou a importância de enfatizar que isso não significa que o Bolsa Família deixará de ser uma prioridade do governo.
Por que não haverá reajuste salarial para os servidores públicos em 2024?
O governo argumenta que a implementação de um eventual reajuste para os servidores públicos teria um impacto significativo. Em um cenário hipotético com um aumento de 1%, isso resultaria em um aumento de despesas na ordem de R$ 3,46 bilhões na folha de pagamento.
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