Um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) revelou que o custo da cesta básica aumentou em 13 das 17 capitais pesquisadas em janeiro deste ano.

A maior alta foi registrada em Salvador (6,22%), seguido por Belém (4,80%) e Fortaleza (3,96%). Das 17 capitais, só quatro tiveram redução no valor médio da cesta: Porto Alegre (-1,67%), Vitória (-1,62%), Campo Grande (-0,79%) e Florianópolis (-0,09%).

A alta dos preços já mexe também com o humor do governo. Após entrevista dada a rádios da Bahia, o presidente Lula vem sendo criticado pela oposição nas redes sociais após dizer que a população precisa "passar por um processo educacional" para não comprar alimentos com preços elevados para forçar vendedores a baixarem o valor.

"Uma das coisas mais importantes para que a gente possa controlar o preço é o próprio povo. Se você vai no supermercado aí em Salvador e você desconfia que tal produto tá caro, você não compra. Olha, se todo mundo tiver essa consciência e não comprar aquilo que ele acha que tá caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, porque senão vai estragar" disse Lula.

A fala pegou mal também entre membros do próprio governo, que se manifestaram em defesa do presidente e disseram que a fala do presidente foi mal interpretada.

Cesta básica mais cara do país é de SP

A cesta básica mais cara foi registrada em São Paulo, onde o conjunto de alimentos essenciais custou R$ 851,82, representando aproximadamente 60% do salário mínimo vigente, que é de R$ 1.518. Outras capitais com valores elevados foram Florianópolis (R$ 808,75), Rio de Janeiro (R$ 802,88) e Porto Alegre (R$ 770,63).

Segundo o Dieese, para suprir as necessidades básicas de uma família de quatro pessoas, o salário mínimo deveria ser de R$ 7.156,15, quase cinco vezes o atual.

Já nas capitais do Norte e Nordeste, os valores ficaram abaixo da metade do salário mínimo. Em Fortaleza, a cesta custou R$ 700,44; em Belém, R$ 697,81; em Natal, R$ 634,11; em Salvador, R$ 620,23; em João Pessoa, R$ 618,64; no Recife, R$ 598,72; e em Aracaju, R$ 571,43.

O levantamento aponta que o aumento da cesta básica foi influenciado, principalmente, pela alta nos preços do café em pó, do tomate e do pão francês. O café teve aumento em todas as capitais nos últimos 12 meses. Já o tomate subiu em cinco cidades e teve queda em outras 12, mas registrou aumento acima de 40% em Salvador, Belo Horizonte, Brasília e Rio de Janeiro, devido às chuvas. O pão francês, por sua vez, encareceu em 16 capitais, reflexo da menor oferta de trigo nacional e da alta do dólar.