O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou agora em maio quanto um brasileiro precisaria ganhar para suprir suas necessidades básicas. E a conta não é nada animadora: Segundo o Diesse o salário mínimo deveria ser de R$ 6.754,33, mais de 5 vezes o salário atual vigente, de R$ 1.212,00.

Essa conta é feita pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos (PNCBA), um levantamento contínuo dos preços de um conjunto de produtos alimentícios considerados essenciais, implementada em São Paulo em 1959 e ampliada para outras capitais. Hoje, é realizada em 17 estados e compara custos dos principais alimentos básicos consumidos pelos brasileiros.

O banco de dados da PNCBA apresenta os preços médios, o valor do conjunto dos produtos e a jornada de trabalho que um trabalhador precisa cumprir, em todas as capitais, para adquirir a cesta. A cesta básica em São Paulo, por exemplo, já custa R$ 803,99.

Com base na cesta mais cara em abril que foi a de São Paulo, e levando em
consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser
suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação,
moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estimou que o mínimo necessário seria de R$ 6.754,33.

Brasileiros que recebem o salário mínimo hoje, ou seja, R$ 1.212,00, estão ganhando 5,57 vezes menos do que o mínimo necessário para que uma família com dois adultos e duas crianças - possa suprir suas necessidades básicas.

Alta é de 16,43% no ano

No mês de dezembro de 2021, o levantamento apontava que o salário mínimo necessário deveria ter sido de R$ 5.800,98. Dessa forma, o resultado de abril representa um aumento de 16,43% em relação ao valor do mês anterior.

Segundo o Dieese, essa elevação foi puxada principalmente pelos alimentos, já que nas 17 capitais avaliadas, houve elevação no preço da cesta básica.

A pesquisa aponta que São Paulo foi o local onde a cesta básica apresentou maior custo: uma média de R$ 803,99 pelo pacote básico de alimentos. Florianópolis que vinha liderando a lista no fim de 2021 está agora em segundo lugar com uma cesta básica de R$ 788,00.

A comparação do valor da cesta em 12 meses, ou seja, entre os preços de abril de 2022 e os de abril de 2021, mostrou que as maiores altas acumuladas ocorreram em Campo Grande (29,93%), São Paulo (27,09%) e Curitiba (26,67%).

As menores variações acumuladas foram registradas em João Pessoa (17,07%) e Aracaju (17,42%).

- Veja os índices Dieese por estado

Mais de 124 horas de trabalho são necessárias

Tendo como base essas informações, o Dieese também calcula que em abril de 2022, o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 124 horas e 08 minutos. Em dezembro de 2021, a jornada necessária foi calculada em 119 horas e 53 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em janeiro de 2022, bem mais da metade (61,20%) do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos, mesmo com o reajuste de 10,18% dado ao salário mínimo. Em 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual foi de 58,91%, em dezembro, e de 54,93%, em janeiro.

Tabela Diesse do salário mínimo ideal

Confira abaixo o histórico comparando o salário inimo real (nominal) com o que seria o mínimo necessário nos últimos dois anos:

Período Salário mínimo nominal Salário mínimo necessário
2022
Abril R$ 1.212,00 R$ 6.754,33
Março R$ 1.212,00 R$ 6.394,76
Fevereiro R$ 1.212,00 R$ 6.012,18
Janeiro R$ 1.212,00 R$ 5.997,14
2021
Dezembro R$ 1.100,00 R$ 5.800,98
Novembro R$ 1.100,00 R$ 5.969,17
Outubro R$ 1.100,00 R$ 5.886,50
Setembro R$ 1.100,00 R$ 5.657,66
Agosto R$ 1.100,00 R$ 5.583,90
Julho R$ 1.100,00 R$ 5.518,79
Junho R$ 1.100,00 R$ 5.421,84
Maio R$ 1.100,00 R$ 5.351,11
Abril R$ 1.100,00 R$ 5.330,69
Março R$ 1.100,00 R$ 5.315,74
Fevereiro R$ 1.100,00 R$ 5.375,05
Janeiro R$ 1.100,00 R$ 5.495,52
2020
Dezembro R$ 1.045,00 R$ 5.304,90
Novembro R$ 1.045,00 R$ 5.289,53
Outubro R$ 1.045,00 R$ 5.005,91
Setembro R$ 1.045,00 R$ 4.892,75
Agosto R$ 1.045,00 R$ 4.536,12
Julho R$ 1.045,00 R$ 4.420,11
Junho R$ 1.045,00 R$ 4.595,60
Maio R$ 1.045,00 R$ 4.694,57
Abril R$ 1.045,00 R$ 4.673,06
Março R$ 1.045,00 R$ 4.483,20
Fevereiro R$ 1.045,00 R$ 4.366,51
Janeiro R$ 1.039,00 R$ 4.347,61
Fonte: Dieese