Já se passaram cerca de 30 dias desde o resultado final das Eleições 2022 e faltam cerca de 30 dias para o fim do governo de Jair Bolsonaro. Nesse cenário, as especulações em torno de quem serão os ministros do governo Lula estão cada vez mais em alta.

Para cuidar da Economia do Brasil, o nome mais cotado vem sendo o de Fernando Haddad. Já era esperado que ele fosse incluído de alguma forma no novo governo de Lula e nessa fase de transição é ele que vem se responsabilizando pelos aspectos econômicos.

O nome, porém não está agradando muito ao mercado e vem sendo criticado. Segundo alguns especialistas políticos, o nome de Haddad pode passar uma impressão de falta de compromisso com controle de gastos, especialmente depois de falar dele em eventos com banqueiros e outros profissionais da área.

O que muitos não sabem, porém, é que Haddad tem experiência com economia. Então, quais são as expectativas? Será que ele vai permanecer mesmo responsável pela pasta e nesse caso, quais são as perspectivas para a economia? Saiba tudo isso e mais abaixo.

Quem é Fernando Haddad?

Com 59 anos, Fernando Haddad é um acadêmico, advogado, professor e político brasileiro, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT). Ele é descendente de libaneses. Seu pai, Khalil Haddad, emigrou do Líbano para o Brasil em 1947, e se estabeleceu como comerciante atacadista do setor têxtil. Sua mãe, Norma Thereza Goussain Haddad, era filha de libaneses.

Ele foi candidato à presidência pelo PT em 2018 e na última eleição tentou o cargo de Governador de São Paulo. No passado, ele já foi Ministro da Educação, nos governos de Lula e de Dilma, entre os anos de 2005 a 2012, e foi nesse cargo que ele se destacou bastante.

Porém, antes disso Haddad teve uma história com passagens na área da economia. Ele trabalhou como analista de investimento no Unibanco (hoje Itaú) e, de 2001 até 2003, foi Subsecretário de Finanças e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de São Paulo da administração de Marta Suplicy.

Além disso, ele também integrou o Ministério do Planejamento do Governo Lula durante a gestão de Guido Mantega (2003-2004), oportunidade na qual elaborou o projeto de lei que instituiu as parcerias público-privadas (PPPs) no Brasil.

Fernando Haddad será o ministro da Economia?

Ao que tudo indica, sim. No entanto, o governo Lula não confirmou nenhum nome oficialmente ainda. Porém, como dito mais acima, Haddad vem numa agenda de encontros com profissionais da área de economia e bancários e representando Lula - que se recupera de uma cirurgia na laringe - em diversas atividades do setor.

Além disso, Haddad faz discursos e já se posiciona, de certa forma, como o futuro ministro, defendendo algumas ideias de Lula, apresentando as prioridades do futuro governo para a economia do país, etc.

Porém, o mercado não apoia o nome, pelo menos por hora. Segundo especialistas, isso se deve à bagagem econômica de Haddad que costuma defender ideias próprias muitas vezes lidas como avessas ao equilíbrio das contas públicas.

Após evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) realizado nessa sexta-feira, 25 de novembro, alguns economistas disseram que Haddad precisa passar uma impressão de que o governo vai controlar mais os gastos, do contrário haverá bastante resistência, não só ao nome do possível ministro, mas também das políticas de Lula.

Por outro lado, no entanto, há também uma perspectiva de que Haddad seja um ministro mais social que se rodeie de pessoas mais técnicas. Confira abaixo algumas possibilidades levantadas nesse sentido.

Quem deverá trabalhar com ele?

Como Haddad, apesar da experiência com economia no passado, não é visto como um nome técnico para a pasta, especula-se também quem poderá trabalhar com ele nos próximos anos e ao que tudo indica o político deverá se rodear de especialistas.

Isso é bastante comum em governo do PT, segundo especialistas. Ou seja, o cargo principal é político, por questões estratégicas, porém mas para baixo são colocadas pessoas mais técnicas.

Entre os cotados estão alguns nomes que também já vêm participando da equipe de transição, como André Lara Resende e Persio Arida, pais do Plano Real. Outro nome é o de Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento.

Quais serão suas prioridades na pasta?

De acordo com as falas feitas até agora, tanto por Lula em sua campanha, quanto por Haddad nesse processo de transição, o próximo governo terá 4 pilares. São eles:

  1. Reforma tributária e retomada do crescimento;
  2. Melhorar a qualidade do gasto público;
  3. Investimentos em educação; e
  4. Pacto federativo e harmonia entre poderes.

Sobre a reforma tributária Haddad, destacou que Lula amadureceu suas ideias ao longo dos anos e que num primeiro momento, ainda em 2023, vai tentar fazer mudanças relacionadas aos tributos e, na sequência, ele irá encaminhar uma proposta de reformulação dos impostos sobre renda e patrimônio.

Sobre a qualidade dos gastos, é concenso entre economistas que ela piorou muito nos últimos anos e que o orçamento hoje tem dificuldades para atingir qualquer objetivo. Haddad aponta que algumas áreas como educação, saúde, ciência e meio ambiente precisam voltar a ser priorizadas.

E ainda sobre o pacto federativo, Haddad disse que "é preciso virar a página da guerra que se estabeleceu entre presidente da República, governos estaduais, demais poderes". O objetivo é fortalecer o diálogo para que todos cresçam juntos.