No começo desta semana, o Banco Central (BC) anunciou o início da fase de testes do Real Digital - versão digital da moeda brasileira. Em suma, a intenção do BC é incorporar a mesma ao sistema financeiro brasileiro no final de 2024.

A partir disso, o Brasil deve ingressar no mercado das Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDCs). Essa é uma nova tendência do sistema financeiro internacional, que visa melhorar a agilidade, compensação e os processo de liquidação entre os bancos comerciais, sistemas de pagamentos e transações entre os BCs dos países.

O programa do teste deve ocorrer em duas fazes. Abaixo, confira todos os detalhes.

O que é o Real Digital?

O Real Digital é uma proposta de moeda digital do Banco Central do Brasil (BCB), que visa modernizar o sistema financeiro brasileiro e oferecer uma alternativa mais segura e eficiente para transações monetárias.

A ideia é criar uma moeda digital emitida pelo próprio Banco Central, que seria uma espécie de extensão do Real físico. A principal vantagem seria a redução de custos e a possibilidade de realizar transações financeiras de forma mais rápida e segura, sem a necessidade de intermediários como bancos comerciais.

A moeda digital é criada por meio da tecnologia blockchain, a mesma que é usada pelas criptomoedas. O que as difere, é que a moeda digital são centralizadas, e regulamentadas pelo BC, neste caso, do Brasil. Além disso, ela é enquadrada na categoria CBDCs.

De acordo com Acilio Marinello, coordenador do MBA em Digital Banking da Trevisan Escola de Negócios, o real digital vai permitir diminuir o custo das operações financeiras. Ele explica:

"A plataforma do real digital vai nascer multiativos, ou seja, uma pessoa física poderá negociar e transferir seus ativos financeiros em tokens por meio da tecnologia blockchain, sem necessariamente usar a intermediação de uma corretora ou banco".

Por fim, ele destaca que o Real Digital deve ser bastante seguro: "O real digital será tão seguro quanto outras operações já existentes no sistema financeiro."

Como vai funcionar o teste do Real Digital?

O cronograma do teste do BC deve funcionar em duas etapas, que vão acontecer em um ambiente simulado, envolvendo transações e valores fictícios. De acordo com o coordenador da iniciativa do real digital no BC, Fabio Araújo, "Vamos avaliar o funcionamento da estrutura da plataforma do real digital e a privacidade das informações da rede".

Araújo explica que o real digital vai funcionar como "o PIX dos serviços financeiros". Isso acontece, pois ele deve possibilitar a transferência de ativos financeiros imediatamente. O BC deseja adotar o real digital para as transações no atacado e no varejo.

Primeira etapa

A primeira fase vai funcionar até fevereiro de 2024. Ela envolve o desenvolvimento de funcionalidades da DLT (Distributed Ledger Tecnology), plataforma de tecnologia de registro onde vão acontecer as operações com ativos "tokenizados" (digitais).

Para essa fase, o BC deve selecionar alguns bancos, instituições de pagamento, cooperativas e demais participantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN), e incorporar os mesmos, aos testes a partir de maio.

Já em dezembro, vai iniciar a simulação de emissão de Títulos Públicos Federais (TPF) e a liquidação de transações envolvendo esses títulos com Entrega contra Pagamento (Delivery versus Payment - DvP) no nível do cliente final.

Segunda etapa

A segunda etapa inicia em março de 2024. Neste período, haverão as avaliações dos testes e o incremento de novos protocolos. Se tudo der certo, a moeda digital vai ser lançada ainda em 2024.