O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de divulgar os primeiros dados do Censo Demográfico 2022, a maior operação de recenseamento já organizada no Brasil. São vários os dados publicados e sua importância reside no fato de que eles mostram a realidade brasileira atual.
Nem todas as informações levantadas foram divulgadas nessa quarta-feira, dia 28. Como o levantamento do censo só foi concluído há um mês, no dia 28 de maio, apenas alguns dados estão sendo divulgados. A expectativa do IBGE, porém, é de que até dezembro pelo menos 80% dos dados já tenham sido publicados.
O Censo 2022 deveria ter sido realizado em 2020, no entanto, foi adiado em função da pandemia de covid-19. A pesquisa iniciou em 1º de agosto de 2022 e a expectativa era de que fosse concluída em outubro, porém, dificuldade de acesso à localidades, de contratação dos recenseadores, entre outras, acabaram atrasando o final da pesquisa.
Entre os meses de março e maio, um mutirão que uniu o IBGE e o Ministério do Planejamento, tornou possível que mais de 15 milhões de brasileiro fossem incluídos no Cendo, inclusive indígenas de aldeias até então nunca recenseadas.
Para fazer esse levantamento foram utilizados 5.570 mapas municipais, 30 mil mapas de cidades, vilas e localidades e mais de 420 mil arquivos digitais e impressos dos setores censitários para orientar os recenseadores na sua área de trabalho.
O IBGE usou de tecnologia para realizar o Censo Demográfico em 2022, agilizando o processo de coleta e transmissão das informações sobre a população brasileira por meio de dispositivos (DMCs e tablets) equipados com sinal de 3G e 4G. Isso permitiu que os recenseadores transmitissem pela internet as informações levantadas, em tempo real, para o sistema do instituto.
População brasileira cresceu apenas 6,5%
Entre os destaques apresentados nessa quarta-feira, dia 28, estão os dados de quantidade populacional. Segundo o Censo 2022, em 1º de agosto de 2022, quando começou a pesquisa, o Brasil tinha 203.062.512 habitantes. Desde 2010, quando foi realizado o Censo Demográfico anterior, a população do país cresceu 6,5%, ou 12.306.713 pessoas a mais.
Isso resulta em uma taxa de crescimento anual de 0,52%, a menor já observada desde o início da série histórica iniciada em 1872, ano da primeira operação censitária do país.
Nos 150 anos que separam a primeira operação censitária da última, o Brasil aumentou a sua população em mais de 20 vezes: ao todo, um acréscimo de 193,1 milhões de habitantes.
O maior crescimento, em números absolutos, foi registrado entre as décadas de 70 e 80, quando houve uma adição de 27,8 milhões de pessoas. Mas a série histórica do Censo mostra que a média anual de crescimento vem diminuindo desde a década de 60.
"Em 2022, a taxa de crescimento anual foi reduzida para menos da metade do que era em 2010 (1,17%)", afirma o coordenador técnico do Censo, Luciano Duarte.
Veja na imagem abaixo:
Sudeste é a região mais populosa
O Sudeste continua sendo a região mais populosa do país, atingindo, em 2022, 84,8 milhões de habitantes. Esse contingente representava 41,8% da população brasileira. Já o Nordeste, onde viviam 54,6 milhões de pessoas, respondia por 26,9% dos habitantes do país.
As duas regiões foram as que tiveram a menor taxa de crescimento anual desde o Censo 2010: enquanto a população do Nordeste registrou uma taxa crescimento anual de 0,24%, a do Sudeste foi de 0,45%.
Por outro lado, o Norte era a segunda região menos populosa, com 17,3 milhões de habitantes, representando 8,5% dos residentes do país. Essa participação da região vem crescendo sucessivamente nas últimas décadas. A taxa crescimento anual foi de 0,75%, a segunda maior entre as regiões, mas bem inferior àquela apresentada no período intercensitário anterior (2000/2010), quando esse percentual era de 2,09%.
Isso significa que, embora a população continue aumentando, o ritmo de crescimento do número de habitantes do Norte é menor em relação à década anterior.
A taxa de crescimento anual do Norte, frente aos dados de 2010, só foi menor do que a do Centro-Oeste (1,23%), região que chegou a 16,3 milhões de habitantes, o menor contingente entre as regiões. Isso significa um aumento de 15,8% em 12 anos.
O Sul, que concentrava 14,7% dos habitantes do país, aumentou seu contingente populacional em 9,3% no mesmo período, alcançando 29,9 milhões de pessoas
São Paulo segue sendo o estado mais populoso
Os primeiros resultados do Censo 2022 também apontaram que São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro seguem sendo os estados mais populosos do país.
Juntos, os três concentravam 39,9% da população brasileira. São Paulo, o maior deles em termos de população, tinha 44,4 milhões de habitantes. Cerca de um quinto da população brasileira (21,8%) vivia no estado.
Roraima também continua sendo o estado menos populoso, com 636,3 mil habitantes, ainda que tenha apresentado a maior taxa de crescimento anual no período de 12 anos (2,92%). Na sequência, os estados com menor número de habitantes foram Amapá (733,5 mil) e Acre (830 mil).
Quase metade dos municípios do país tem até 10 mil habitantes
Outro dado curioso é que há 5.570 municípios no país e quase metade (44,8%) desse total tinha até 10 mil habitantes em 2022. Nesses 2.495 municípios viviam 12,7 milhões de pessoas.
A maior parte da população do país (57% do total) habitava apenas 319 municípios, o que, de acordo com a publicação, evidencia que as pessoas estão concentradas em centros urbanos acima de 100 mil habitantes.
Os 20 municípios mais populosos do país concentravam 22,1% do total da população e 17 deles são capitais. Os demais foram Guarulhos e Campinas, em São Paulo, e São Gonçalo, no Rio de Janeiro. A capital paulista aparece em primeiro lugar no ranking, com 11,5 milhões de habitantes, seguida do Rio de Janeiro (6,2 milhões) e Brasília (2,8 milhões).
Municípios com as maiores populações | ||||
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UF | Município | População | Variação | |
2010 | 2022 | |||
SP | São Paulo | 11.253.503 | 11.451.245 | 1,80% |
RJ | Rio de Janeiro | 6.320.446 | 6.211.423 | -1,70% |
DF | Brasília | 2.570.160 | 2.817.068 | 9,60% |
CE | Fortaleza | 2.452.185 | 2.428.678 | -1,00% |
BA | Salvador | 2.675.656 | 2.418.005 | -9,60% |
MG | Belo Horizonte | 2.375.151 | 2.315.560 | -2,50% |
AM | Manaus | 1.802.014 | 2.063.547 | 14,50% |
PR | Curitiba | 1.751.907 | 1.773.733 | 1,20% |
PE | Recife | 1.537.704 | 1.488.920 | -3,20% |
GO | Goiânia | 1.302.001 | 1.437.237 | 10,40% |
RS | Porto Alegre | 1.409.351 | 1.332.570 | -5,40% |
PA | Belém | 1.393.399 | 1.303.389 | -6,50% |
SP | Guarulhos | 1.221.979 | 1.291.784 | 5,70% |
SP | Campinas | 1.080.113 | 1.138.309 | 5,40% |
MA | São Luís | 1.014.837 | 1.037.775 | 2,30% |
AL | Maceió | 932.748 | 957.916 | 2,70% |
MS | Campo Grande | 786.797 | 897.938 | 14,10% |
RJ | São Gonçalo | 999.728 | 896.744 | -10,30% |
PI | Teresina | 814.230 | 866.300 | 6,40% |
PB | João Pessoa | 723.515 | 833.932 | 15,30% |
Menos de 1 mil habitantes
Por outro lado, três municípios tinham menos de mil habitantes:
- Serra da Saudade, em Minas Gerais, com 833 pessoas;
- Borá, em São Paulo (907); e
- Anhanguera, em Goiás (924).
Os 20 municípios com menos habitantes concentravam apenas 0,01% da população.
Municípios com as menores populações | ||||
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UF | Município | População | Variação | |
2010 | 2022 | |||
MG | Serra da Saudade | 815 | 833 | 2,20% |
SP | Bora | 805 | 907 | 12,70% |
GO | Anhanguera | 1.020 | 924 | -9,40% |
MT | Araguainha | 1.096 | 1.010 | -7,80% |
SP | Nova Castilho | 1.125 | 1.062 | -5,60% |
MG | Cedro do Abaete | 1.210 | 1.081 | -10,70% |
RS | Andre da Rocha | 1.216 | 1.135 | -6,70% |
TO | Oliveira de Fátima | 1.037 | 1.164 | 12,20% |
RS | União da Serra | 1.487 | 1.170 | -21,30% |
MG | São Sebastião do Rio Preto | 1.613 | 1.259 | -21,90% |
RS | Coqueiro Baixo | 1.528 | 1.290 | -15,60% |
RS | Engenho Velho | 1.527 | 1.296 | -15,10% |
PI | Miguel Leão | 1.253 | 1.318 | 5,20% |
PR | Nova Aliança do Ivai | 1.431 | 1.323 | -7,50% |
PR | Jardim Olinda | 1.409 | 1.343 | -4,70% |
RS | Carlos Gomes | 1.607 | 1.368 | -14,90% |
RS | Tupanci do Sul | 1.573 | 1.374 | -12,70% |
SP | Uru | 1.251 | 1.387 | 10,90% |
GO | Lagoa Santa | 1.254 | 1.390 | 10,80% |
MG | Grupiara | 1.373 | 1.392 | 1,40% |
Os municípios que mais cresceram e mais retraíram
Entre os municípios de mais de 100 mil habitantes com maior aumento percentual no contingente populacional estão Senador Ganedo, em Goiás, que passou de 84,4 mil residentes, em 2010, para 155,6 mil, em 2022 (crescimento de 84,3%), e Fazenda Rio Grande, no Paraná, cuja população era de 81,7 mil e chegou a 148,9 mil (82,3%).
Já os municípios com população acima de 100 mil pessoas que tiveram maior retração percentual da população foram São Gonçalo, no Rio de Janeiro, que chegou a 896,7 mil habitantes (queda de 10,3%), Salvador (-9,6%) e Itabuna (-8,8%), ambos na Bahia. A capital baiana passou de 2,7 milhões de habitantes para 2,4 milhões no período intercensitário.
O diretor de geociências do IBGE, Claudio Stenner, reforça que a redução do número de habitantes nas metrópoles é algo inédito no país.
"Muitas vezes o município núcleo da metrópole, daquela concentração urbana, perde população, mas as cidades vizinhas ganham. Isso tem a ver com o espalhamento do tecido urbano para além dos limites municipais. Isso quer dizer que há expansões novas, até pelo esgotamento de área desse município. É uma parte importante da explicação desse fenômeno", diz.
124 milhões vivem em concentrações urbanas
Em 2022, havia 124,1 milhões de pessoas vivendo em concentrações urbanas, que são arranjos populacionais ou municípios isolados com mais de 100 mil habitantes. Os arranjos populacionais são formados por municípios com forte integração, geralmente conurbados.
Essa aglutinação de cidades forma unidades espaciais, como é o caso da capital paulista, núcleo de uma concentração urbana que reúne 37 municípios. Outros exemplos de concentrações do país são Belo Horizonte, em Minas Gerais (23), e Rio de Janeiro (21).
"As concentrações urbanas podem ser formadas por um único município ou por um conjunto de municípios fortemente integrados e articulados entre si que funcionam como uma cidade só. É importante analisar essas informações urbanas porque, por exemplo, muitas vezes o crescimento demográfico se dá pelo espalhamento do tecido urbano de um município para um município vizinho. Então para se entender a taxa de crescimento demográfico desses municípios mais conurbados é preciso olhar para a concentração urbana e as relações que existem ali", explica Stenner.
Comparado aos dados do Censo 2010, o aumento da população que vivia em concentrações urbanas foi de 9,2 milhões de pessoas, o que representa parte expressiva do crescimento do país.
No país, são 185 concentrações urbanas e a maior parte delas (80) estava no Sudeste. Em seguida, aparecem Nordeste e Sul, com 37 cada. Na outra ponta estavam 4.218 municípios com menos de 25 mil habitantes. Cerca de 19,7% da população do país viviam neles.
Com informações: Agência IBGE
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