Com menos de um mês desde o lançamento oficial, o Crédito do Trabalhador, a nova modalidade de empréstimo consignado voltada a trabalhadores com carteira assinada, já movimentou mais de R$ 3,3 bilhões. A iniciativa, em vigor desde o final de março, beneficiou 531 mil trabalhadores e soma mais de 523 mil contratos assinados até o início de abril, com valor médio de R$ 6,2 mil por empréstimo.
Os dados, divulgados pela Dataprev e repassados ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), mostram a rápida adesão à nova linha de crédito, criada com a promessa de oferecer condições mais acessíveis para trabalhadores formais, incluindo empregados domésticos, rurais e funcionários de microempreendedores individuais (MEI). O programa permite o uso de até 10% do FGTS como garantia e limita o comprometimento da renda mensal em até 35%.
Apesar de facilitar o acesso a crédito mais barato, especialistas alertam para os riscos. A contratação por impulso, sem comparação entre as ofertas, pode acabar gerando novos ciclos de endividamento. "É preciso cautela. O trabalhador deve aguardar até 24 horas para receber todas as propostas disponíveis e escolher a mais vantajosa. O crédito é uma ferramenta importante, mas se mal utilizada, vira armadilha", alertou o ministro do Trabalho, Luiz Marinho.
São Paulo e Rio concentram maior volume de crédito
O levantamento revela que os estados de São Paulo e Rio de Janeiro lideram as contratações. Juntos, já movimentaram R$ 1,1 bilhão — o que representa um terço do total nacional. São Paulo aparece na frente, com 131 mil trabalhadores beneficiados e R$ 848,7 milhões liberados. Já no Rio, 51 mil pessoas contrataram R$ 270,2 milhões em crédito.
O Distrito Federal, por sua vez, se destaca pela maior média de valor por contrato, chegando a R$ 9,8 mil. Na outra ponta, a Paraíba apresenta o menor valor médio: R$ 5,2 mil por trabalhador.
Veja os valores de crédito por região do país:

Modalidade deve crescer ainda mais
Atualmente, mais de 47 milhões de brasileiros possuem carteira assinada, e cerca de 68 milhões têm o aplicativo Carteira de Trabalho Digital — principal plataforma de acesso ao crédito. A partir de 25 de abril, todos os bancos poderão oferecer o consignado digitalmente, o que deve ampliar ainda mais o alcance da iniciativa. O governo projeta que, em até quatro anos, 25 milhões de trabalhadores possam acessar esse modelo de crédito privado, com juros mais baixos e melhores condições de pagamento.
Além disso, será possível, a partir da mesma data, migrar empréstimos mais caros para outros com taxas reduzidas, ampliando a competitividade e a possibilidade de renegociação de dívidas.
Riscos e cuidados antes de contratar
Mesmo com vantagens como menor taxa de juros e desconto direto em folha, o consignado para trabalhadores CLT exige atenção redobrada. O trabalhador deve considerar:
- Comprometimento da renda: o limite de 35% pode pesar no orçamento em caso de imprevistos;
- Comparação entre propostas: é fundamental aguardar as propostas de diferentes bancos para garantir as melhores condições;
- Direito de arrependimento: o contratante tem até sete dias corridos para devolver o valor integral caso desista do empréstimo;
- Evitar endividamento em cadeia: usar o crédito para pagar dívidas anteriores pode ser benéfico, desde que as novas condições sejam realmente vantajosas.
O crédito consignado com garantia do FGTS foi apresentado pelo Governo Federal como uma alternativa para ajudar os trabalhadores em momentos de aperto. Porém, ao analisar com mais atenção, fica claro que a proposta levanta dúvidas sobre quem realmente se beneficia com esse modelo.
Mesmo com o FGTS como garantia, o CET (Custo Efetivo Total) do empréstimo ainda é bastante elevado. E aqui vale um alerta: o CET vai muito além da taxa de juros — ele engloba tarifas, encargos, tributos e até seguros embutidos no contrato. Ou seja, é a forma mais realista de saber quanto você vai pagar no fim das contas. Se você olhar só para os juros na hora de contratar o crédito, é bom redobrar a atenção.
Outro ponto preocupante é que, ao optar por esse tipo de empréstimo, o trabalhador está usando como garantia um dinheiro que já é dele por direito. É como pegar emprestado o que é seu com juros.
Em vez de simplesmente permitir o saque do FGTS, o Governo escolheu intermediar o acesso com um empréstimo, o que levanta questionamentos sobre a real intenção dessa medida.
Embora o consignado ofereça taxas aparentemente mais baixas, o custo vem de outra forma: o trabalhador compromete uma reserva que poderia ser fundamental em situações como demissão, aquisição da casa própria ou até na aposentadoria.
Quais os riscos de fazer o empréstimo consignado do FGTS?
A contratação por impulso, sem comparação entre as ofertas, pode acabar gerando novos ciclos de endividamento. Mesmo com o FGTS como garantia, o CET (Custo Efetivo Total) do empréstimo ainda é bastante elevado.
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