Faltando menos de um mês para o início do Verão 2023/2024, o retorno do horário de verão no Brasil ainda está indefinido. Oficialmente suspensa em 2019, a medida segue como tema de debate no governo Lula, mais ainda não há uma decisão final.

Instituído em 1931, o horário de verão buscava economizar energia elétrica aproveitando a luz natural no início da noite, quando o consumo atingia seu pico. No entanto, mudanças nos padrões de consumo, como o deslocamento do pico para as 15 horas, levaram a uma perda da economia esperada.

Com as recentes ondas de calor que atingiram o país, com a sensação térmica beirando 60ºC na cidade do Rio de Janeiro, voltou-se a falar sobre o horário de verão como alternativa para economizar energia na próxima estação, já que a previsão indica temperaturas muito acima da média na maior parte do Brasil.

Horário de verão ainda está em debate

O Ministério de Minas e Energia (MME), encarregado de avaliar o retorno do horário, conduziu análises e diálogos com diversos setores, priorizando a segurança energética e a qualidade dos serviços prestados à população.

Contudo, o parecer técnico emitido pela equipe do MME concluiu que, com o planejamento seguro implementado, não há necessidade de adotar o horário de verão em 2023.

"O Ministério de Minas e Energia (MME) informa que, em virtude do planejamento seguro implantado pelo ministério desde os primeiros meses do governo, os dados não apontam, até o momento, para nenhuma necessidade de implementação do horário de verão", afirmou o ministério.

Em entrevista ao GloboNews no dia 17 de novembro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que defende um debate "sem tabu" sobre a volta do horário de verão.

Para o ministro, a decisão não deve levar em conta apenas a questão de economia de energia, mas também os impactos nos costumes da população. "Eu vejo a discussão sem nenhum tabu. Eu defendo isso no governo, o horário de verão deve ser desatrelado da questão exclusivamente energética. O horário de verão tem outras repercussões", disse Silveira.

Em reuniões do governo, o ministro estaria ressaltando a possibilidade de estimular a economia com a volta do horário de verão. "[...] Eu tenho defendido junto ao MDIC, à Economia, que a gente possa olhar o horário de verão de uma forma mais holística, mais ampla. É importante para o Brasil, mesmo que nós tenhamos um momento de segurança energética como hoje, quando ela [a mudança nos relógios] impactar positivamente a economia", explicou.

Mudança no relógio ainda não está descartada

A decisão final, entretanto, não está nas mãos do MME, mas sim do Operador Nacional do Setor Elétrico (ONS), que monitora os níveis dos reservatórios das hidrelétricas.

Em setembro, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) entregou uma carta ao presidente Lula defendendo a volta do horário, alegando potenciais benefícios econômicos.

Segundo a Abrasel, bares e restaurantes esperam um aumento de 10% a 15% na receita caso o horário seja readotado. Além disso, a medida beneficiaria outros setores, como comércio, serviços e turismo, ao proporcionar mais tempo de luz natural durante os dias.

Quais estados adotam o Horário de Verão?

Não são todos os estados brasileiros que aderem à mudança de horário. O decreto inclui estados como Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.

Norte e Nordeste são excluídos devido à proximidade da Linha do Equador, resultando em pouca diferença na luminosidade entre verão e inverno.

Quando começa o Verão 2023/2024?

O início da estação será no dia 22 de dezembro, à 00h27 (horário de Brasília). O verão termina em 20 de março de 2024, à 00h06, data de início do outono.

Verão 2024 terá temperaturas acima da média

De acordo com a previsão da MetSul Meteorologia, o verão de 2024 promete temperaturas muito acima da média na maior parte do país. "Os estados do Sul e o Rio de Janeiro estão entre as áreas do Brasil que devem ter um verão muito mais quente do que a primavera, até porque o excesso de chuva durante os últimos meses reduziu o número de dias quentes e com calor muito intenso no Sul do país", aponta o instituto.

Confira a previsão da MetSul para o verão 2024:

  • Com menos chuva do que o habitual, o Centro do país e áreas do Norte e do Nordeste podem anotar temperaturas mais altas ou muito mais elevadas do que o habitual, mas não necessariamente tão extremas como desta primavera em áreas como o Centro-Oeste, interior de São Paulo e Minas Gerais.
  • Todos os modelos de clima indicam temperatura acima a muito acima da média para o trimestre de verão no Brasil com os desvios mais positivos persistindo no Centro-Oeste e no Sudeste ante a tendência de chover menos do que o habitual em vários pontos das duas regiões.
  • Dentre as maiores cidades do Brasil, o Rio de Janeiro não apenas tem as maiores médias de temperatura do ano no verão como tem na estação os seus maiores extremos de temperatura. A cidade do Rio é uma que em 2024 pode ter um verão por demais quente e com muitos dias de máximas extremas. O risco será ainda maior se ocorrer um aquecimento do Atlântico na costa brasileira.

*Com informações da MetSul Meteorologia