Em uma movimentação surpreendente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva antecipou nesta sexta-feira que na próxima terça (18), o governo vai enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei para isentar do Imposto de Renda os brasileiros que ganham até R$ 5.000 por mês.

Numa tentativa de recuperar a aprovação dos brasileiros, o presidente disse: "vamos anunciar dia 18, quem ganha até R$ 5.000 não pagará mais Imposto de Renda neste país".

Com palavras afiadas, o presidente não poupou críticas à injusta realidade tributária do país. Apontou que muitos ricos escapam do fisco enquanto os trabalhadores pagam a conta. "A verdade é quem paga imposto de renda é quem tem desconto na fonte, não tem como sonegar, é descontado na folha de pagamento. Mas quem ganha muito às vezes nem paga, inventa sempre uma mutreta qualquer para não pagar. Queremos é salvar o povo trabalhador de pagar o Imposto de Renda enquanto muita gente rica sonega", disse Lula.

Lula fez essa declaração explosiva na cerimônia de entrega de 789 novas ambulâncias do Samu para 559 cidades em Sorocaba (SP).

Congresso precisa aprovar

A segunda fase desse projeto será convencer os deputados a aprovar a medida. Em um movimento já iniciado, a agora nova ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, confirmou que o governo não vai perder tempo; na próxima semana, o projeto deve ser entregue ao Congresso. Em sua estreia no cargo, ela já se reuniu com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para traçar a rota econômica que promete ditar o ritmo das discussões esse ano.

Embora houvesse planos para só apresentar essa bomba fiscal após a votação do Orçamento de 2025, Gleisi revelou que a estratégia agora é mais agressiva - levar a proposta adiante imediatamente e de forma acelerada.

Não é só o Imposto de Renda que está na mira do governo. A ministra também jogou luz sobre outras prioridades do pacote econômico: uma revisão na aposentadoria dos militares e na tarefa de limitar os supersalários de servidores.

Esse encontro entre Gleisi e Haddad marcou o início de uma nova era de articulação econômica no Congresso, com uma meta clara: acelerar as reformas e recuperar a imagem do presidente, fortemente desgastada após a alta da inflação que afeta justamente os mais pobres.

Na semana que vem o Banco Central, agora sob comando de Gabriel Galípolo, se reúne para definir a nova taxa SELIC e o mercado já espera um novo aumento na ordem de 1 ponto percentual, o que elevaria a Selic dos atuais 13,25% para 14,25%.

Em maio, a nova reunião esperada pelo mercado e que pode alterar os juros futuros pode aumentar em mais um ponto essa taxa, chegando a 15,25%, algo visto pela última vez lá em 2006. Na crise enfrentada pela ex-presidente Dilma Rousseff, quando o país enfrentava uma recessão profunda, a Selic chegou a 14,25%.