O Banco Central anunciou a escolha de 16 propostas para participar do teste piloto do Real Digital, uma nova forma de moeda emitida pela autoridade monetária nacional. A principal diferença do sistema atual, é que o dinheiro depositado hoje nas contas correntes dos bancos de varejo são de responsabilidade do banco que captou o depósito, enquanto o real digital será de responsabilidade direta do BC.

Essa, porém, não é a principal diferença que o BC pretende que exista entre o Real digital e os depósitos bancários em seu formato atual. O foco da iniciativa do Real digital é no fomento a novos modelos de negócios em uma economia digital, um ecossistema global.

O BC realizou a seleção com base em 36 propostas submetidas por mais de 100 instituições de diversos setores financeiros. Essas propostas incluíram candidaturas tanto individuais quanto consórcios de entidades. A ampla participação demonstra o interesse e a diversidade do envolvimento do setor financeiro nessa iniciativa do Real Digital.

O que é Real Digital?

O Real Digital é uma forma de transformar ativos financeiros em 'tokens', códigos de identificação. O objetivo do BC é simplificar transações e viabilizar a movimentação digital de recursos, pagamentos e bens, entre outras vantagens.

Os tokens representarão ativos reais que serão convertidos num formato digital. Ao utilizar a representação digital de bens ou produtos financeiros, o BC busca facilitar as negociações em ambientes virtuais, por meio de uma série de códigos com requisitos, regras e processos de identificação.

O Real Digital terá a mesma validade da moeda, podendo ser convertido para qualquer outra forma de pagamento, como depósito bancário convencional ou em real físico, além de pagamentos do dia a dia.

Fica mais seguro? O BC disse que busca manter os elevados níveis de segurança e privacidade hoje já disponível nas operações realizadas no sistema bancário e de pagamentos, como o PIX, por exemplo.

O Real Digital será um novo bitcoin?

Não, pois as características delas serão diferentes. Criptoativos, como bitcoin e ethereum, apresentam uma grande volatilidade dificultando seu uso hoje como meio de pagamento.

Já a nova moeda do BC atrela seu valor a algum ativo de fora do ambiente cripto, em geral a uma moeda soberana, nesse caso, o Real.

O Real Digital vem sendo desenvolvido para dar suporte a um ambiente seguro onde empreendedores possam inovar e onde os consumidores possam ter acesso às vantagens tecnológicas trazidas por essas novas ferramentas, sem que para isso precisem se expor a um ambiente não regulado.

Lista de bancos que farão parte do Real Digital

O Comitê Executivo de Gestão (CEG), seguindo os critérios definidos no Regulamento do Piloto RD, realizou a seleção de 16 propostas, apresentadas a seguir em ordem de inscrição:

  1. Bradesco, Nuclea e Setl
  2. Nubank
  3. Banco Inter, Microsoft e 7Comm
  4. Santander, Santander Asset Management, F1RST e Toro CTVM
  5. Itaú Unibanco
  6. Basa, TecBan, Pinbank, Dinamo, Cresol, Banco Arbi, Ntokens, Clear Sale, Foxbit, CPqD, AWS e Parfin
  7. Caixa, Elo e Microsoft
  8. SFCoop: Ailos, Cresol, Sicoob, Sicredi e Unicred
  9. XP, Visa
  10. Banco BV
  11. Banco BTG
  12. Banco ABC, Hamsa, LoopiPay e Microsoft
  13. Banco B3, B3 e B3 Digitas
  14. Consórcio ABBC: Banco Brasileiro de Crédito, Banco Ribeirão Preto, Banco Original, Banco ABC Brasil, Banco BS2 e Banco Seguro, ABBC, BBChain, Microsoft e BIP
  15. MBPay, Cerc, Sinqia, Mastercard e Banco Genial
  16. Banco do Brasil

Fase de testes do Real Digital

O Banco Central anunciou que a fase de testes do Real Digital, conhecida como Piloto RD, ocorrerá em um ambiente simulado, sem envolver transações ou valores reais. Durante essa fase, o principal objetivo é analisar os potenciais benefícios proporcionados pela capacidade de programação de uma plataforma de tecnologia de registro distribuído multiativo para a realização de operações envolvendo ativos tokenizados.

Serão exploradas as vantagens e as possibilidades oferecidas por essa abordagem inovadora, visando aprimorar a eficiência e a eficácia das transações com ativos digitais.

Durante o Piloto RD, serão testados diversos serviços e funcionalidades, com foco especial na privacidade, por meio da troca de informações entre os participantes da plataforma. Serão utilizados casos de uso específicos para avaliar a eficiência e a viabilidade do Real Digital.