Há mais de um século, o Imposto de Renda ostenta a presença emblemática do leão como sua representação, uma tradição que teve início nos anos 1980. Nessa época, os primeiros anúncios protagonizados pelo símbolo do leão começaram a ser veiculados através de jornais, revistas e veículos televisivos.

Por ser o principal tributo do país, que se destaca como a principal fonte de arrecadação financeira para os cofres do governo federal, o Imposto de Renda foi instituído por meio de uma lei debatida e aprovada tanto por senadores quanto por deputados em dezembro de 1922, tendo sido sancionada pelo então presidente, Arthur Bernardes.

Figura do Leão no Imposto de Renda

Após seis décadas desde sua origem, o governo adotou a figura do leão para personificar o Imposto de Renda. Documentos históricos conservados no Arquivo do Senado, localizado em Brasília, atestam que a campanha publicitária foi um sucesso, e o leão conquistou um lugar no imaginário coletivo.

A Receita Federal, nos anos finais da década de 1970, contratou uma agência de publicidade com o objetivo de transmitir à sociedade a mensagem de que a evasão fiscal não seria tolerada pelo governo.

A representação do Leão, segundo Cristóvão Barcelos da Nóbrega, um auditor fiscal aposentado e autor da obra "História do Imposto de Renda no Brasil," faz referência a força e justiça.

"O leão foi escolhido como símbolo porque transmite respeito e força pela simples presença. Essencialmente, essa mensagem representava uma advertência velada da Receita Federal a qualquer indivíduo que tentasse burlar suas obrigações fiscais. Embora o leão seja normalmente dócil e calmo, ele reage ao ser provocado", esclareceu.

Além disso, Nóbrega mencionou que, no governo, houve quem discordasse dessa ideia, dada a forma descontraída e lúdica pela qual um tópico sério estava sendo tratado. Contudo, em um curto intervalo, ficou claro que essa estratégia foi um acerto.

A campanha do Leão como símbolo foi veiculada somente até o término dos anos 1980. Ainda assim, a associação da imagem do animal ao Imposto de Renda persiste até os dias de hoje, muitas vezes carregando uma conotação negativa, como é o caso da expressão "a mordida do leão", utilizada para se referir ao valor pago à Receita Federal.

4 razões por trás da escolha do Leão

A decisão de adotar o leão como ícone foi baseada em diversas características marcantes, conforme avaliado pela Receita Federal:

  • O leão é o rei dos animais, mas evita atacar sem aviso prévio;
  • O leão é associado à justiça;
  • A lealdade é um traço fundamental do leão;
  • Embora seja dócil, o leão não é ingênuo.

Presença do Leão em anúncios e no dicionário

As primeiras propagandas publicitárias foram lançadas no início dos anos 1980. Essa campanha resultou rapidamente em uma conexão estabelecida pelo público entre o leão e o imposto de renda. Ao longo de uma década, cerca de trinta comerciais foram produzidos.

O impacto da campanha publicitária foi tão significativo que se refletiu nos dicionários. O Dicionário "Houaiss" define "Leão" como a entidade encarregada da coleta do imposto de renda.

De acordo com o "Aurélio", "Leão" é o órgão responsável por arrecadar o imposto de renda.

O "Sacconi" atribui ao "Leão" a função de serviço de cobrança do imposto de renda. Conforme o "Dicionário da Academia Brasileira de Letras", "Leão" é a designação para a entidade responsável por coletar imposto.

Embora, nos tempos atuais, a Receita Federal tenha deixado de utilizar o leão como emblema, a imagem desse símbolo permanece gravada na mente dos contribuintes, constituindo uma das campanhas publicitárias mais bem-sucedidas do governo brasileiro pelo tempo que perdura.