Foi divulgado pelo Conselho de Administração dos Correios as demonstrações contábeis de 2020. Durante o último ano a estatal apresentou lucro líquido de R$ 1,53 bilhão, valor que se mostrou o melhor resultado nos últimos 10 anos. Também foram apurados outros indicadores financeiros importantes. O patrimônio líquido obteve crescimento de 84% em relação ao ano de 2019, totalizando, aproximadamente R$ 950 milhões. Esses feitos indicam a notável melhora da saúde financeira e dos negócios da empresa.
As recomendações do Ministério da Economia proporcionaram aos Correios relevante redução nas despesas com pessoal, na ordem de, aproximadamente, R$ 400 milhões. Esse e outros fatores refletem a dedicação da gestão em reduzir os prejuízos acumulados, que caíram de R$ 2,761 bilhões (2º trimestre de 2019) para R$ 859 milhões.
Mesmo com as restrições impostas pela crise sanitária, os Correios mantiveram as atividades, dada a essencialidade dos serviços, colaboraram para o saldo positivo nas contas da estatal a evolução da produtividade e a eficiência operacional.
A empresa notou no último exercício, o aumento do fluxo de encomendas oriundas do comércio eletrônico: o crescimento da receita de encomendas registrou incremento de 9%, ante o ano anterior. Destacando-se, o recorde histórico de 2,2 milhões de encomendas postadas em um único dia, alcançado em 30 de novembro, e as receitas internacionais - obtidas por meio de serviços prestados a Correios de outros países -, que ultrapassaram o marco de R$ 1,2 bilhão, outro recorde para a empresa.
Privatização dos Correios
Apesar de ter apresentado bons números no último ano, foi aprovada na Câmara dos Deputados o PL 591/21, que trata da privatização dos Correios. A lei autoriza que os serviços postais possam ser explorados pela iniciativa privada, inclusive os prestados hoje em regime de monopólio pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), estatal 100% pública.
Pela proposta, a União manterá para si uma parte dos serviços, chamada na proposta de "serviço postal universal", que incluirá encomendas simples, cartas e telegramas. Já outros serviços, em grande parte encomendas, devem ser atendidas pela iniciativa privada.
Desestatização pode prejudicar municípios de difícil acesso
Promovida pela Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara dos Deputados, a audiência pública que ocorreu na última sexta-feira, 28 de maio, trouxe o ponto de vista dos trabalhadores dos Correios que afirmaram que a desestatização do serviço postal, prevista em projeto de lei do governo (PL 591/21), pode prejudicar o atendimento de municípios em áreas remotas e não garante tarifas baixas.
Thiago Botelho, representante do Ministério das Comunicações na audiência, explicou que o projeto de lei apenas institui um marco legal para o setor porque o último foi de 1978. Segundo ele, a decisão sobre a concessão dos serviços não será tomada agora. Ele explicou que os contratos garantiriam a universalização dos serviços.
O vice-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios, Marcos César Silva, disse que apenas 324 das 11.542 agências dos Correios dão lucro porque o objetivo é atender todo o país. Ele questiona se uma empresa privada manteria essa estrutura que custa, segundo ele, R$ 6 bilhões por ano. Marcos afirmou que, no mundo todo, o serviço é majoritariamente público.
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