No último domingo, dia 17 de setembro, o então ministro da fazenda, Fernando Haddad realizou uma entrevista para o Canal Livre, transmitido pela BandNews TV. Durante a entrevista, foram indagadas questões referente a reforma administrativa e as possíveis mudanças que possam ocorrer em concursos públicos.

O então ministro da Fazenda expressou abertura para discutir a reforma administrativa no governo e defendeu uma revisão na maneira como os concursos públicos são conduzidos no Brasil. Ele argumentou que os concursos atuais têm falhas na seleção, favorecendo candidatos enviesados, e que o estágio probatório de 36 meses, período de avaliação do servidor em suas funções, não é levado a sério. De acordo com Haddad:

"A reforma administrativa, para mim, tem que rever concurso público. Os concursos ainda são muito malfeitos, ainda selecionam de forma enviesada, não são os mais adequados"

A Reforma Administrativa é um conjunto de mudanças e reformas propostas no sistema de gestão pública. Ela visa aprimorar a estrutura, os processos e as políticas relacionadas à administração pública, com o objetivo de torná-la mais eficiente, eficaz, transparente e moderna. Na área de recursos humanos ela atua alterando regras de contratação, progressão de carreira, avaliação de desempenho, remuneração e benefícios dos servidores públicos.

Quando questionado sobre a possibilidade de eliminar a estabilidade de servidores em alguns cargos, Haddad evitou uma resposta direta e enfatizou a importância da seleção adequada, de um estágio probatório eficaz e de uma progressão de carreira que leve em consideração o desempenho.

Ele afirmou que essas mudanças poderiam ser implementadas rapidamente, desde que fossem debatidas de forma adequada. Haddad também mencionou a ministra Esther Dweck, do Ministério da Gestão e da Inovação, como uma figura central nessa discussão e elogiou seu diagnóstico das necessidades de reforma:

"Essa é uma pauta que é da ministra Esther Dweck, do Ministério da Gestão e da Inovação. É uma pauta dela. Penso que ela vai falar cada vez mais do assunto, até porque é um assunto que está na ordem do dia. Ela tem um diagnóstico muito razoável do que precisa ser feito" afirmou Haddad.

Além disso, Haddad abordou as metas fiscais do governo, incluindo a ambição de eliminar o déficit em 2024. Ele reconheceu o ceticismo do mercado em relação a essa meta, mas argumentou que o Brasil tem potencial para atingir superávits primários no futuro, ressaltando que a questão é o tempo necessário para isso.

O ministro enfatizou que o governo está empenhado em tomar medidas para equilibrar as contas públicas e impulsionar o crescimento econômico, apesar dos desafios econômicos persistentes no país e das condições macroeconômicas globais adversas. Ele alertou para a importância de ser claro e comprometido com essas metas desde o início, a fim de evitar problemas futuros, especialmente em relação à inflação, que afeta as camadas mais vulneráveis da população.

Fim dos supersalários?

No dia 05 de setembro, Haddad já havia se reunido com a ministra do Planejamento, Simone Tebet e com Esther Dweck, ministra da Gestão e Inovação . A reunião foi realizada para discutir os trâmites da reforma administrativa. Durante o encontro, foram revisados projetos relacionados à reforma, incluindo a discussão sobre "supersalários" no setor público. Conforme o ministro da Fazenda:

"É um absurdo o Brasil conviver com esses supersalários com a população enfrentando as dificuldades que enfrenta"

Durante a reunião, Haddad mencionou o projeto de lei 6726, de 2016, votado na Câmara em 2021, como uma medida que poderia eliminar certos privilégios e resultar em economias substanciais para o Estado brasileiro. Ele expressou apoio à discussão desse projeto, que se encontra no Senado, como parte da reforma administrativa em pauta.