A partir de janeiro de 2025, os trabalhadores dos Correios terão mudanças nos salários. Isso porque a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos está propondo um reajuste salarial de 6,05% para seus mais de 85 mil trabalhadores.

A proposta faz parte das negociações do Acordo Coletivo de Trabalho 2024/2025 para reposição integral da inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O percentual inclui 4,11% referente ao período de agosto de 2023 a julho de 2024, somado à projeção de inflação para os meses de agosto a dezembro de 2024.

Além do aumento salarial, a empresa ofereceu reajuste de 4,11% nos benefícios dos empregados, que entrará em vigor a partir de agosto de 2024, refletindo a inflação acumulada no ano anterior.

Outras melhorias propostas

Entre as melhorias propostas, os Correios anunciaram um aumento de 20% para os funcionários que exercem funções motorizadas, como motociclistas e motoristas, reconhecendo o papel essencial desses profissionais na operação logística da empresa.

Também foi proposto um vale alimentação/refeição extra de R$ 50,93, a ser pago nos meses de agosto a dezembro de 2024, destinado a empregados com remuneração de até R$ 7,3 mil. Além disso, a empresa planeja oferecer um "vale-peru" no valor de R$ 1.120,47 para todos os empregados em dezembro de 2024, como parte do pacote de benefícios natalinos.

Veja os benefícios que um trabalhador dos Correios recebe atualmente:

  • Trabalho externo: 30% sobre o salário base (AADC). Caso pilote motocicleta, mais 30% de periculosidade (função motorizada "M" ou "MV").
  • Vale-refeição: R$ 39,10 por dia, totalizando R$ 1.016,60 mensais.
  • Vale Cesta Alimentação: R$ 244,73 mensais.
  • Auxílio-creche/Babá: R$ 686,50 mensais (valor máximo).
  • Vale-transporte: R$ 835,83 (valor máximo) - contribuição de até 6% do salário.
  • Plano de Saúde: Acesso a cuidados médicos e hospitalares.
  • Previdência Complementar (Postalis): Opção de aposentadoria adicional.
  • Gratificação de quebra de caixa (para quem trabalha nos guchês): R$ 257,07 mensais.
  • Auxílio para dependentes com deficiência: R$ 989,90 (valor máximo de reembolso por dependente).
  • Trabalho aos finais de semana: valor complementar de 15% do salário base pelas horas trabalhadas.
  • PLR: Participação nos Lucros ou Resultados.

Impacto da gestão e retomada de direitos

Os Correios destacaram que a atual gestão, que assumiu em 2023, herdou uma empresa recém-saída de um processo de privatização, que trouxe anos de incerteza e insegurança para os trabalhadores. O governo anterior havia retirado mais de 50 cláusulas do acordo coletivo, eliminando direitos históricos.

No entanto, desde que os Correios foram retirados da lista de privatizações no início do governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a empresa reabriu o diálogo com os sindicatos, recuperou mais de 40 cláusulas do acordo coletivo e fechou um novo acordo em mesa de negociação, algo que não ocorria há sete anos.

Plano de saúde e propostas sociais

Em relação ao plano de saúde, os Correios informaram que estão em processo de alteração do regulamento, prevendo a redução da coparticipação dos trabalhadores de 30% para 15%, com implementação prevista para o próximo mês. A nova regulamentação também isentará a cobrança de mensalidade sobre tratamentos como quimioterapia, radioterapia, hemodiálise e home-care, além de extinguir a cobrança sobre rubricas variáveis.

A empresa comprometeu-se ainda a apresentar, em até 90 dias, novas ações para a melhoria do plano de saúde, em colaboração com as federações representativas dos trabalhadores.

As negociações também avançaram em questões sociais, com destaque para:

  • Aperfeiçoamento dos Grupos de Trabalho, incluindo os de Anistia e Revisão dos Processos Administrativos, que já resultaram na readmissão de três trabalhadores.
  • Atendimento psicossocial para vítimas de assédio, independentemente de comprovação da denúncia.
  • Concessão de até dois dias de licença para mulheres com sintomas graves associados ao fluxo menstrual.
  • Aumento das licenças paternidade e em casos de adoção.
  • Extensão do tempo de amamentação para três horas diárias, com a possibilidade de jornada de cinco horas corridas para empregadas lactantes.
  • Incentivo à participação das mulheres na liderança da empresa.
  • Aumento da licença remunerada para vítimas de violência doméstica, de 10 para 20 dias.
  • Concessão de um salário-base para ajudar na mudança de domicílio de vítimas de violência doméstica, quando necessário.